Economia

Tombini: reservas internacionais e swaps reduziram exposição a risco cambial

O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou nesta quinta-feira, 28, em discurso no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), o Conselhão, que hoje o País tem uma menor exposição a riscos cambiais por conta da preservação das reservas internacionais e da adoção do programa de swaps cambiais. “A mesma depreciação cambial que gerava importantes impactos macroeconômicos adversos no passado, atualmente não causa desequilíbrios patrimoniais ou instabilidade financeira”, afirmou, de acordo com discurso publicado no site do BC.

Segundo o ministro, o programa de swaps, voltado à manutenção da estabilidade financeira interna, permitiu às empresas e aos investidores enfrentarem com segurança um período de volatilidade cambial e de acentuada depreciação do real. “O ajuste no setor externo está se processando com rapidez e de forma intensa, beneficiando a economia brasileira na medida em que é fonte de crescimento da produção para importantes setores”, afirmou.

Tombini destacou ainda que a depreciação cambial atrai investimento estrangeiro e favorece “a expansão do produto mais à frente”. Segundo ele, a situação cambial contribui para que a retomada do crescimento aconteça sem gerar desequilíbrios nas contas externas. “Uma parte importante do ajuste externo é a manutenção dos ganhos de competitividade decorrentes da desvalorização cambial real da nossa moeda”, afirmou.

Tombini disse ainda que a atuação do BC no controle da inflação “é de fundamental importância” para que esses ganhos não sejam eliminados pelos aumentos dos preços domésticos. “No lado monetário, a inflação tem sido intensamente afetada pelo fortalecimento do dólar norte-americano e pelo aumento dos preços administrados em relação aos preços livres da economia”, destacou.

Para o presidente do BC, os preços administrados em 2016 tendem a ser “substancialmente menores do que os vivenciados em 2015”.

Setor externo

Tombini afirmou também que o ajuste monetário vai continuar contribuindo para uma desinflação nos próximos dois anos. Segundo ele, os ajustes monetário e do setor externo se processam, naturalmente, em velocidades e intensidades distintas.

“Enquanto o setor externo já apresenta importantes resultados, o ajuste monetário seguirá contribuindo para uma significativa desinflação nos próximos dois anos e à frente”, afirmou.

Com relação ao ajuste externo, Tombini afirmou que 2015 foi encerrado com uma expressiva redução de mais de 40% no déficit de transações correntes do balanço de pagamentos, de US$ 104 bilhões, em 2014, para US$ 58,5 bilhões, em 2015. “Em números aproximados, houve uma reversão de déficit para superávit da ordem de U$ 25 bilhões na balança comercial entre 2014 e 2015. Esse resultado é ainda mais notável tendo em conta que a razão entre os preços dos produtos exportados pelo Brasil e os preços de nossas importações recuou 11% nesse período”, afirmou.

De acordo com o presidente da autoridade monetária, o regime de câmbio flutuante atuou como primeira linha de defesa nesse período, levando a uma significativa desvalorização cambial, “inclusive, em resposta à deterioração dos termos de troca”. Ele avaliou que os ganhos de competitividade desse processo para a economia nacional são indiscutíveis.

Para ele, o País ganhou em competitividade. “A título de exemplo, destaco a redução de mais de 40% no custo unitário do trabalho na indústria, quando medido em dólares, desde o pico registrado em meados de 2014”, disse. Esses ganhos, avaliou, têm estimulado o crescimento da quantidade exportada e a substituição de importações.

Em seu discurso, Tombini afirmou ainda que a combinação do crescimento de mais de 8% na quantidade física exportada em 2015, com a redução de 15% na quantidade importada, certamente beneficia a balança comercial, mas também a atividade econômica interna. “A despeito das incertezas geradas por fatores econômicos e não-econômicos em 2015, a combinação do ajuste relativo dos preços domésticos em relação aos internacionais e a perspectiva de recuperação econômica à frente mantiveram a atratividade da economia brasileira”, disse.

Para o presidente do BC, o ajuste externo e seus efeitos sobre a economia brasileira não se restringem a 2015. “Nossas projeções para 2016 indicam que o déficit em conta corrente deverá ser reduzido para cerca de U$ 40 bilhões e, novamente, será financiado com sobra por investimento direto no País”. (Carla Araújo, Victor Martins, Lorenna Rodrigues, Rachel Gamarski, Bernardo Caram, Ricardo Brito e Igor Gadelha)

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