Economia

Topper e Rainha vão para as mãos de Wizard

O investidor Carlos Wizard Martins – ex-proprietário da rede de escolas de idiomas Wizard e atual dono da rede Mundo Verde – adicionou na terça-feira, 3, duas marcas famosas ao seu portfólio de negócios. Ele pagou R$ 48 milhões pela operação brasileira da Topper e da Rainha, de calçados esportivos, que pertenciam à gigante Alpargatas. A meta do empresário é usar o varejo para fazer as marcas recuperarem relevância no Brasil.

Martins afirmou ao jornal O Estado de S. Paulo que uma das ideias é expandir a linha da Topper e abrir lojas da marca. “A Topper ficaria com o lado esportivo, enquanto a Rainha seria um produto mais de estilo”, afirmou.

Uma fonte do setor disse que a estratégia faz sentido, desde que seja focada no público-alvo da Topper, que tem um preço mais baixo do que o de concorrentes estrangeiros, como Asics, Nike e Mizuno (esta última é operada no Brasil pela Alpargatas, sob licença da matriz japonesa).

A participação de mercado de Topper e Rainha atualmente é bastante reduzida, segundo a Euromonitor. Três marcas da Alpargatas aparecem no “top 15” do setor de calçados – Havaianas (1º), Mizuno (4º) e Timberland (15º). As vendas de Rainha e Topper são inferiores às da Timberland, que tem 0,4%, aponta a Euromonitor.

Desde que vendeu sua rede de escolas de idiomas, Martins vem atuando como investidor. Ao vender a Wizard, em 2013, sua família embolsou nada menos que R$ 1,75 bilhão. Ele comprou 100% da Mundo Verde, rede de produtos saudáveis, que tem mais de 300 lojas e fatura R$ 400 milhões por ano. E começou do zero a rede de franquias Ronaldo Academy, dedicada ao futebol, com o ex-jogador Ronaldo Nazário.

O negócio com a Alpargatas também inclui um acordo que garantiria a Wizard uma fatia de 20% da Topper na Argentina. Ao contrário do que ocorre no Brasil, a Topper é líder no mercado argentino e atua nas áreas casual e de corrida, além de ter 10 lojas próprias.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, a compra da fatia da Topper na Argentina seria superior à aquisição da totalidade dos ativos no Brasil. Wizard teria a opção de ficar com 100% da Topper Argentina no futuro.

Para a Alpargatas, a saída de Topper e Rainha seria uma maneira de a empresa se dedicar a ativos de maior porte, incluindo a linha de sandálias Havaianas. A gigante dos calçados, controlada pelo grupo Camargo Corrêa, decidiu expandir a Havaianas para outros tipos de calçados e também para roupas. Outro objetivo seria ampliar o mercado das sandálias na Ásia.

Produção

No segmento esportivo, a ordem da Alpargatas é concentrar esforços na Mizuno, líder no segmento de corridas no Brasil. Apesar do alto preço no varejo (cerca de R$ 700 para lançamentos), o dólar consumiu parte da margem da marca no País.

Ao se desfazer de Topper e Rainha, a empresa liberaria espaço para a produção de Mizuno no Brasil. A ideia seria nacionalizar 100% da produção da marca em até dois anos.

Segundo fontes de mercado, foi a necessidade de liberar espaço industrial para Mizuno e Havaianas que levou a Alpargatas a não incluir ativos industriais no negócio com Martins. Pelo acordo, o novo dono das marcas deverá desocupar as fábricas da Alpargatas em dois anos.

De acordo com Martins, o anúncio da compra marca um novo início para Topper e Rainha. O negócio será comandado por Paulo Ricardo de Oliveira, que já esteve à frente da Penalty. O empresário afirma que a ordem agora é pensar no médio e longo prazos. “Meu objetivo final é fazer como a Alpargatas fez com as sandálias Havaianas”, explica. “Acredito que a Topper pode ser um negócio global.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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