Estadão

Trabalhadores do IBGE realizarão paralisação em 10 Estados na quarta-feira, diz sindicato

Os trabalhadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizarão uma paralisação em 10 Estados nesta quarta-feira, 15, segundo comunicado do sindicato nacional dos servidores do órgão, a Assibge. As atividades serão suspensas ou parcialmente suspensas nos Estados do Acre, Mato Grosso, Goiás, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe e Pernambuco.

Em nota, o sindicato menciona ainda a possibilidade de greve por tempo indeterminado a partir de 10 de junho.

Os servidores reivindicam a aprovação de um plano de reestruturação da carreira, reajuste salarial para trabalhadores temporários e a recomposição do orçamento do instituto.

"O calendário de mobilização aponta para a realização de atos no dia do aniversário do IBGE, 29 de maio, e uma possível deflagração de greve por tempo indeterminado, a partir do dia 10 de junho, caso a contraproposta do governo seja frustrante", diz a nota distribuída à imprensa.

Segundo representantes do sindicato, o primeiro dia de paralisação será simbólico, afetando o andamento dos trabalhos no órgão a depender do grau de adesão. No entanto, como a categoria pautará a greve por tempo indeterminado a partir de junho, em caso de aprovação, os levantamentos e indicadores produzidos poderiam ser afetados.

A Assibge calcula que o orçamento regular do IBGE em 2023 foi 28% inferior ao previsto uma década antes, em 2014, descontada a inflação do período. O instituto já estaria atrasando pagamento de contas de consumo e salários de terceirizados.

"O austericídio está prejudicando o funcionamento cotidiano da instituição e inviabilizando o planejamento. No ano corrente, o IBGE tem atrasado pagamento de contas de aluguel, água, luz e de funcionários terceirizados de limpeza. Em anos recentes, os cortes orçamentários implicaram em adiamentos, suspensão e cancelamentos de uma série de pesquisas essenciais – caso do Censo Agropecuário e da Pesquisa de Orçamento Familiar (realizados com atraso), da Contagem Populacional de 2015 (cancelada) e de diversos outros levantamentos. O IBGE também depende atualmente de verbas externas, de outros órgãos de governo, para realização de levantamentos temáticos – essa forma de financiamento, de caráter volátil, é incompatível com a necessidade de estabilidade para estruturação de um sistema de informações. Ressaltando que a sociedade demanda cada vez mais produção de dados estatísticos e geográficos, implicando a necessidade de ampliação do plano de trabalho do IBGE", pontuou a entidade representante dos servidores.

Além dos núcleos estaduais que decidiram pela paralisação, estão previstos atos de trabalhadores também em outros estados nesta quarta-feira, 15, em frente às sedes de superintendências e de agências do instituto no interior.

"Após uma negociação salarial frustrante com o Ministério de Gestão e Inovação, que resultou em 0% para recomposição salarial em 2024, os trabalhadores receiam que a contraproposta de reestruturação da carreira do IBGE, a ser apresentada no dia 28 de maio, seja rebaixada, assim como tem ocorrido em algumas categorias que estão negociando com o governo. Os reajustes nos benefícios praticamente não atingiram os aposentados, deixando uma parcela importante da categoria sem absolutamente nenhuma perspectiva de recomposição para 2024. A reestruturação proposta pelo Sindicato tranquiliza distorções ocorridas em transições anteriores e propõe uma carreira mais enxuta, simplificada e adequada à realidade do órgão na atualidade", justificou o sindicato.

Quanto aos trabalhadores temporários, a entidade afirma que o instituto tem aproximadamente 60% de sua força de trabalho atualmente formada por pessoas com esse tipo de vínculo, recebendo "praticamente um salário-mínimo (R$1.512) para realizar atividades permanentes que deveriam ser executadas por servidores efetivos".

"Esses trabalhadores não serão beneficiados pela reestruturação da carreira e, apesar de todo o diálogo realizado pelo sindicato com a presidência do IBGE e Ministérios responsáveis, seguem sem perspectiva de reajuste. Os trabalhadores temporários estão submetidos a inúmeras restrições de direitos, porém, a atual direção do IBGE segue sem um plano claro para acabar com a precarização no órgão", critica o sindicato.

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