Cidades

Tráfico e violência preocupam população próxima a cemitério

Situação ao redor da Necrópole do Campo Santo ganhou destaque após o tiroteio do último sábado, que deixou duas pessos feridas

Medo, insegurança e receio. Estes são alguns dos sentimentos dos funcionários e frequentadores da Necrópole do Campo Santo, na avenida Benjamin Harris Hunnicutt na Vila Rio de Janeiro. A situação do local ganhou destaque após o tiroteio do último sábado e que deixou feridas a ajudante geral Tânia Damasceno Nascimento, 43 anos, e a filha e estudante Tamires Nascimento Chara, 16. As duas, que estavam visitando o túmulo de Adir Chara (marido e pai), foram surpreendidas com a troca de tiros de um grupo armado com mais de dez indivíduos. Tânia foi atingida na região da axila e Tamires na região das costas.

Com apenas um muro com furo dividindo a comunidade Crepúsculo e o cemitério, populares apontam o tráfico e a violência no local. "Conheço este lugar e aqui é barra pesada", comenta um aposentado que não quis se identificar por medo de represália. Ele conta inclusive que já percebeu que no buraco do muro ocorre venda de drogas.

A aposentada Silvia Helena, 65, que estava em velório de seu parente, relata um episódio em que sentiu medo ao trafegar na região do cemitério. "Esses dias, eu estava no carro e vi um tipo de armadilha e um rapaz sem camisa e com um pedaço de pau na mão vindo em nossa direção. Eu fiquei morrendo de medo. Tinha pouca iluminação e parecia que tinha uma armadilha    na frente".

"O pessoal me falou para tomar cuidado lá embaixo, por que lá a situação é braba (sic). Só de me falarem sobre isto, já me dá estranheza e receio", declarou um dos trabalhadores do cemitério à reportagem.

Tiroteio – Por volta das 10h40, o pedreiro Paulo Luiz da Silva, 39, começou a trocar tiros com mais de dez indivíduos. Em meio ao tiroteio, a mãe e filha foram baleadas e socorridas pelo Samu e levadas para o Hospital Geral e o Hospital Padre Bento, respectivamente.

Segundo o primo de Tamires, o estudante Rafael Tavares, 21, a informação que foi passada pelos policiais é de que Silva estaria no cemitério para proceder à exumação de seu parente. "O rapaz ia tirar o corpo do irmão, quando os bandidos foram atrás dele e atingiu as duas", relata. "A Tânia abraçou a Tamires e ficaram abaixadas, até que Tânia sentiu um quentão (sic) embaixo dos braços", completa.

A avó da jovem, Elza Soares Damasceno, 65, conta que está otimista com a saúde das duas. "Deram a notícia de que Tamires poderia ficar paraplégica, porém ela disse que sentiu formigamentos nas pernas. Parece que está voltando à circulação e estão evoluindo", revela. "Tamires adora jogar futebol no Vila Galvão. Imagina se ela não anda mais, mas graças a Deus tudo está correndo para melhor", finaliza. Na tarde de ontem, familiares da garota a transferiram para um hospital particular da cidade.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública, uma licitação foi feita para fazer obras de drenagem, muros em alguns trechos e colocação de grades de fecho, especificamente no trecho da favela. Já no buraco que tem no muro entre a comunidade Crepúsculo e o cemitério, o trecho será fechado com grade de ferro para impedir que sejam feitos buracos e também garantir a segurança dos moradores. A pasta ainda informa que as obras já foram iniciadas e seguirão até o início de 2011.

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