Três meses após o início da pandemia, crédito ainda não chegou, diz Abiplast

Três meses depois da decretação da pandemia no Brasil, o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast) e vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), José Ricardo Roriz Coelho, disse que o crédito ainda não chegou à economia.

"No Brasil, a realidade na economia real é muito preocupante. As empresas estão sofrendo muito com os reflexos da crise e o cenário para o futuro próximo é devastador." Segundo Roriz Coelho, fazer o crédito chegar às empresas é a questão central imediata para minimizar os impactos na economia.

O presidente da Abiplast elogia as medidas do Banco Central, mas afirmou que o dinheiro não está alcançando a ponta final. "O papel do BC foi muito importante porque houve mais liquidez, mais recursos liberados no mercado, sobretudo por depósito compulsório. O problema é que o dinheiro está represado nos bancos e não chega às empresas, que precisam de capital de giro para pagar salários, impostos, comprar matérias-primas, fazer manutenção de equipamentos", avalia.

Para ele, a recuperação do mercado de ações brasileiro, que apresentou alta nesta semana, é apenas reflexo da melhora no mercado internacional. O número contrasta com os dados da produção industrial em abril, que teve a maior queda da série histórica, iniciada em 2002. A atividade caiu 18,8% em abril, na comparação com março, impactada pela crise do novo coronavírus.

Depois da pandemia, o grande nó para o País é o chamado custo Brasil, segundo Roriz. A médio e longo prazos, esse deve ser o ponto de enfrentamento para que haja retomada de crescimento. "O País tem uma carga tributária muito elevada para quem produz, tem uma burocracia muito grande, tem uma instabilidade jurídica enorme, o que gera insegurança muito grande. A médio prazo, temos de retomar todas as discussões sobre as reformas, pois elas são fundamentais para diminuir esse custo Brasil", afirma.

Estima-se que o custo para produzir hoje no Brasil, se comparado à média dos países membros da OCDE, é superior a R$ 1,5 trilhão. "É um custo muito grande para as empresas produzirem aqui e faz com que o produto brasileiro não tenha competitividade para ser exportado e ainda perca competitividade aqui dentro, para concorrer com produtos que vem de fora", diz.

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