Conectividade, automação, compartilhamento e eletrificação são assuntos do momento e, como esperado, dominaram os trabalhos técnicos, conferências e debates no 26º Congresso SAE Brasil, em São Paulo, na semana passada. Essas quatro vertentes, na verdade, estão em verdadeira ebulição no mundo, provocam discussões algumas vezes acaloradas e inúmeras soluções alternativas. Tudo distribuído em 17 painéis e 151 relatórios, sendo 116 inéditos.
O tema central do congresso este ano foi “A mobilidade inteligente e a transição para o futuro”. A transição, realmente, é o que gera muitas dúvidas ou mesmo especulações. Uma das preocupações, externada por palestrantes, aponta para segurança dos dados em um mundo conectado. Ainda pairam desconfianças sobre a tal “blindagem” contra hackers do mal ou, simplesmente, falhas tecnológicas.
A solução de veículos autônomos, por exemplo, pode passar por regiões segregadas de tráfego urbano ou rodoviário onde todos os veículos – não apenas alguns – teriam condições de trocar informações em tempo real e evitar muito provavelmente 100% dos acidentes.
No último dia do Congresso ocorreu a primeira colisão leve, em Las Vegas, estado de Nevada (EUA), entre um estreante micro-ônibus autônomo em viagem oficial (semicomercial) e um caminhão. Nada além de arranhões nos dois veículos, porém sem tempo de fazer parte dos debates aqui.
Mais alguns avanços são necessários, entre eles mapas digitais extremamente precisos e roteadores de tráfego de confiabilidade superior. Neste campo, aproxima-se uma batalha entre Google Maps e a Here (pertencente ao trio de ferro alemão Audi, BMW e Daimler).
Até o momento Google e seu braço Waze conseguiram posição de destaque indiscutível no mundo e no Brasil. Mas já se notam falhas de rotas em ambas as plataformas, algumas mesmo inaceitáveis, que irritam e provocam atrasos desnecessários, quando se buscava exatamente o oposto. Nada como a boa e esperada concorrência para que todos ganhem.
Doug Patton, presidente da SAE International, admitiu a falta de um modelo pronto de compartilhamento de automóveis aplicável em todo o mundo. Na opinião da Coluna trata-se de um ponto bastante relevante. Realidades e contrastes são tão diferentes até mesmo dentro de um país, como o Brasil, que é preciso relativizar a apontada “falta de interesse dos jovens pelos automóveis”. Em grandes cidades pode ocorrer graças às opções existentes, entretanto nas médias e pequenas o cenário indica ser outro.
Na exposição agregada ao Congresso, empresas tinham o que mostrar ou mesmo indicar tendências. A brasileira Moura, fabricante de baterias convencionais, tem projetos para as de íons de lítio, mas por enquanto visa apenas nichos de mercado em parceria com chineses. Por outro lado, a Eaton exibiu um sistema de redução de emissões evaporativas durante o abastecimento em postos de serviço. Essa é uma fonte primária de formação de ozônio, porém implica modificações de projeto nos veículos que demandam tempo e aumento de custos. É um problema a equacionar no futuro breve, além de modificações tanto nos postos, como nas refinarias e nos caminhões-tanque.
RODA VIVA
EMBORA sem revisar todas suas projeções para este ano, Anfavea admite que maioria dos indicadores – vendas, produção e exportação – podem ser superados. Mercado externo baterá recorde histórico graças à Argentina. Isso levou a aumento expressivo de 28,5% de produção, nos 10 primeiros meses de 2017. Em breve deixarão de existir trabalhadores afastados nas fábricas.
RENAULT anunciou meta estratégica de participação de mercado no Brasil. Dos atuais 8%, a marca francesa espera subir para 10% em 2022. Parece pouco, mas é ambicioso. Projeções da empresa apontam que os SUVs responderão por até 22% das vendas totais de automóveis no País. Detectou, ainda, certo limite para crescimento contínuo deste segmento por razões de preço.
JAGUAR F-Pace combina interior bem projetado a comportamento dinâmico que, sem ser o mais refinado, atende à maioria das situações. O SUV tem acerto de suspensão de certa forma exagerado em “esportividade”. Silêncio interno surpreende por se tratar de motor Diesel (agora de fabricação própria) de 180 cv. Boa visibilidade. Banco merece maior apoio lombar.
DURANTE evento no Haras Tuiuti, interior de São Paulo, a Mercedes-Benz demonstrou um recurso muito interessante para redução dos efeitos do estresse causado pelo ruído de colisão. Ao detectar situações perigosas, o sistema emite preventivamente o chamado “ruído rosa” com 80 dB a 86 dB entre 0,4 s e 3 s. Disponível, de início, só no novo Classe E.
APLIQUES, cor azul exclusiva e detalhes de bom gosto na edição especial da S10 comemorativa do primeiro século de produção mundial de picapes Chevrolet. Destaque para logotipo estilizado na grade. As 450 unidades numeradas (preço único de R$ 187.590 é elevado) podem se valorizar em médio prazo. Já foram fabricadas 85 milhões de picapes Chevrolet desde 1917.
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