A Transpetro vai economizar R$ 1,8 milhão por ano na conta de energia do Terminal de Guarulhos, em São Paulo, com a entrada em operação esta semana da primeira usina solar fotovoltaica. O empreendimento será capaz de abastecer 100% uma unidade industrial do Sistema Petrobras. Com investimentos de R$ 12 milhões, o projeto é o primeiro de um plano maior de transição energética e descarbonização de todas as áreas de negócio da subsidiária de transporte da estatal, disse ao Estadão/Broadcast o diretor de Dutos e Terminais da Transpetro, Márcio Guimarães.
Operando no sistema de compensação de energia elétrica, a usina solar reduzirá em 84% a conta de luz do Terminal de Guarulhos já no primeiro mês. Além disso, o projeto vai evitar a emissão de 246 toneladas por ano de gases causadores do efeito estufa na unidade. Guarulhos é um dos 48 terminais de transporte de combustíveis que a Transpetro opera no Brasil.
O segundo alvo será o Terminal de Coari, no Amazonas, onde a solução será híbrida, aliando a geração solar à geração de energia pela força da correnteza das águas dos rios. As obras em Coari serão iniciadas no final deste ano, com previsão de início de operação em 2025. A ideia é acelerar as iniciativas de descarbonização da Transpetro, que serão detalhadas pela primeira vez em um Plano Estratégico aos moldes da controladora, e que será divulgado no final de 2024 junto com o plano da Petrobras, informou Guimarães.
“Somos líderes de logística de petróleo da América Latina, então também queremos ser líderes na guinada da transição energética e da descarbonização das nossas operações”, disse o executivo.
Em Guarulhos, projeto pioneiro, a energia antes comprada da rede convencional será substituída pela geração de um parque solar com potência instalada de 2 megawatts (MW), “que pode chegar a 3 MW”, segundo Guimarães, o suficiente para abastecer uma cidade de mais de 600 residências. O volume excede a demanda da Transpetro no local, e a “sobra”, ou cerca de 20% da energia gerada, será usada para compensar o consumo de energia elétrica de outros terminais.
Além de atender o aeroporto de Guarulhos, os dutos do Terminal da Transpetro abastecem ainda três aeroportos em São Paulo por meio de caminhões: Congonhas, Viracopos e Campos de Marte. “Guarulhos é um terminal estratégico para a base de São Paulo, e é um dos terminais que a gente usa para testar novas tecnologias”, explicou.
Além da usina solar fotovoltaica, o Terminal tem projetos para a captação de águas pluviais para utilização como água de serviço; a instalação de um sistema de recuperação de vapor (URV) na Base de Carregamento Rodoviário; e projetos sociais com as comunidades vizinhas. Juntas, essas iniciativas elevam o ativo ao patamar de “terminal sustentável” nos requisitos de ESG (sigla em inglês para práticas ambientais, sociais e de governança) e novas tecnologias.
Guimarães ressaltou que a Transpetro tem sentido na carne as mudanças climáticas, tanto pelas enchentes em janeiro, que afetaram São Sebastião, em São Paulo, onde a empresa também opera um terminal, como pela seca no Norte do País.
“A gente sente bastante todas essas mudanças climáticas e esse impacto, então nada mais justo que também sejamos protagonistas ou pelo menos uma peça importante nessa guinada para uma transição energética mais justa e mais focada”, afirmou.