Estadão

Trato Mercosul-União Europeia beneficiaria 2,8 mil itens do País

O acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia deve beneficiar 2,8 mil produtos industriais vendidos hoje pelo Brasil para os países europeus. Segundo levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) obtido com exclusividade pelo <b>Estadão</b>, quatro em cada dez produtos industriais exportados pelo País para a Europa deixariam de pagar o imposto de importação – e, assim, teriam melhores condições de competir no mercado europeu, caso o acordo firmado em 2019 entre em vigor.

Os principais beneficiados seriam os setores de máquinas e equipamentos, produtos químicos, equipamentos elétricos e automotivos. Os números, segundo a CNI, apontam que o acordo – que, no momento, passa por uma reavaliação do governo brasileiro – seria vantajoso não apenas para o setor agrícola, mas também para o industrial.

Pelos cálculos da instituição, se já estivesse válido em 2022, o acordo ajudaria a baratear produtos industriais que responderam por R$ 13 bilhões das exportações do Brasil à União Europeia – um quarto do total de US$ 50,892 bilhões em 2022. "A indústria brasileira defende a conclusão formal do acordo sem a reabertura das negociações. É uma das nossas pautas prioritárias", diz Constanza Negri, gerente de Comércio e Integração Internacional da CNI.

A defesa foi feita diretamente em abril ao vice-presidente Geraldo Alckmin, que vem entoando no Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic), pasta sob seu comando, o discurso da reindustrialização – uma promessa eleitoral de Lula no pleito do ano passado. Entretanto, neste momento, o governo brasileiro discute internamente se vai reabrir a negociação.

<b>Renegociação</b>

O Ministério da Gestão, comandado por Esther Dweck, tem interesse em rediscutir com os europeus o capítulo de compras governamentais. Pelo acordo, eles teriam igualdade de condições para competir com fornecedores locais para atender o governo. O problema, na visão da atual administração, é de que se trata de um mercado relevante, cujas compras poderiam impulsionar indústrias locais. "Em teoria o acordo já foi fechado", afirma o consultor Welber Barral, que foi secretário de comércio exterior no segundo mandato de Lula. "O dilema do Brasil é que, se reabrir as negociações, dará margem para que outros temas também sejam rediscutidos."
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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