Estadão

Travessia toca em questões que nos fascinam e nos assustam, diz diretor

Mauro Mendonça Filho tem o desafio de transformar em imagens a alquimia promovida por Gloria Perez em Travessia, ou seja, focar no aspecto cotidiano de um assunto tão espinhoso como os perigosos trazidos pela tecnologia. "Praticamente todos os pais têm filhos que vivem ligados a celulares. São vícios contemporâneos, daí ser esse um assunto relevante, universal", comenta o diretor, para quem HAL, o computador que se torna perigoso ao tomar decisões próprias no filme clássico 2001 – Uma Odisseia no Espaço, é um personagem cada vez mais próximo da realidade.

"A internet inaugura maneiras de viver as amizades, os romances, o sexo", comenta Gloria, no material de divulgação da novela. "A aposta é que esse pano de fundo, mostrando como todas essas inovações são vividas no cotidiano das pessoas, seja um poderoso chamariz para despertar a atenção do público que vive e convive com os dramas e conflitos relatados pela novela. Além de funcionar como alerta para as muitas ciladas embutidas no encanto da vida virtual."

<b>Diálogo</b>

Muito próximo das novidades tecnológicas, Mendonça Filho traçou uma linha de direção a partir de diálogos travados com os jovens atores da novela, especialmente o trio de protagonistas formado por Lucy Alves, Chay Suede e Romulo Estrela – este interpreta Oto, um hacker que leva uma vida nômade. "Passei a participar da rotina deles, percebendo como a rede social tem vital importância para esses jovens – e fiquei impressionado com a relação deles com os fãs."

A linguagem técnica da internet não estará presente na trama, garante Mendonça Filho, apenas os termos usados cotidianamente pelas pessoas.

Segundo ele, a intenção é ser fiel ao texto de Gloria Perez, que traz questões que estão aí, tanto no inconsciente como nas ruas.

"Vivemos hoje de forma muito acelerada: adoramos toda a tecnologia dos celulares, internet, redes sociais, compras online e, ao mesmo tempo, temos medo da inteligência artificial, dos algoritmos, do controle, de estarmos sendo vigiados", comenta ele. "Essa percepção é central na nossa história, de uma forma sutil e subjetiva, mas que afeta todos os personagens. É um mundo que, ao mesmo tempo, nos fascina e também nos assusta."

Mauro Mendonça Filho encara de forma positiva a missão de manter a audiência de Pantanal. "É muito melhor que suceder a um fracasso", garante. "As pessoas continuam querendo ver novela, especialmente agora que o streaming vai dando uma recuada. O espectador precisa de um cotidiano que a novela oferece muito bem."

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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