Acabou o período de pré-campanha eleitoral, um tempo que serviu para ensaios, treinos, blefes, entre outras artimanhas que cercam o mundo político. A partir de hoje, a 45 dias do tão esperado 2 de outubro, quando aproximadamente 900 mil guarulhenses devem ir às urnas, o buraco é mais embaixo. As campanhas propriamente ditas vão para as ruas com candidatos se apresentando como tais, pedindo votos, expondo suas propostas. Em uma cidade sem propaganda na TV, a disputa será no corpo-a-corpo. Quem souber entender o que quer o eleitor deverá se habilitar ao segundo turno ou – quem sabe – obter uma vitória no primeiro, o que é bastante improvável.
Jogo é jogo
A bola começa a rolar com nove times na disputa. Em tese, apenas um defende a equipe da casa (a continuidade do governo PT à frente da cidade por mais quatro anos), enquanto outros oito se colocam como possibilidades de alternância de poder. No entanto, a realidade é bastante diferente disso. Apesar dos discursos, sete candidatos, incluindo o PT, mantêm ou mantiveram relação bastante próxima à administração do atual prefeito Sebastião Almeida (PT) e carregam em seus grupos elementos que indicam a continuidade. Os únicos dois que nunca tiveram qualquer relação com o PT nestes 16 anos são Néfi Tales Filho (PPL) e Carlos Roberto (PSDB). Isso não significa, entretanto, que os demais não possam – de fato – ter mudado de lado.
Sem polarização
Em reunião com a Juventude do PT no último sábado, o ex-prefeito Elói Pietá deixou claro que estas eleições não terão uma disputa polarizada entre esquerda e direita. Citou como exemplo o PCdoB, um partido bastante próximo ao PT, mas que preferiu se aliar a Eli Correa Filho do DEM. “Falei com o PCdoB para eles continuarem com a gente. Mas eles abriram mão da ideologia para apoiar o golpista (em referência ao deputado federal que votou a favor do impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff), onde acreditam que terão chances de eleger mais vereadores. A preocupação deles agora é fortalecer o partido em detrimento de toda a história”.
Aves migratórias
Assim como o PCdoB, a quase totalidade dos partidos que estiveram ao lado do PT preferiu se afastar da sigla, com o objetivo de conquistar maior simpatia junto ao eleitorado. Inclusive muita gente que militou no PT nos últimos anos migrou para outras agremiações para não carregarem o número 13 em suas campanhas. A tática inclui até mesmo os petistas, que se mantiveram no partido, mas não usam mais a cor vermelha, a estrela ou qualquer outra imagem associando-os a marcas que sempre foram um verdadeiro patrimônio eleitoral.
Mudar ou não?
Até agora poucos se preocuparam em responder a contento o desejo dos eleitores. Mais uma vez, as pesquisas identificam o desejo de mudança. Porém, alguns tentam minimizar a capacidade de percepção da população entre o que realmente significa o que é mudança e o que é continuidade. Se prevalecer nas urnas esse sentimento, a Câmara Municipal deverá ter uma ampla renovação. Porém, muitos sabem que o eleitorado não funciona desta forma. Por isso, o signo da continuidade – pelo menos no Legislativo – segue forte.
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