Variedades

Tributos e lançamentos na Balada Literária

A Balada Literária está chegando à nona edição e promete ser a mais brasileira desde sempre: além de Plínio Marcos, valente dramaturgo, o já tradicional evento organizado pelo escritor Marcelino Freire presta homenagem, neste ano, a outra personagem marcante da literatura brasileira que não é resultado de nenhuma academia: Carolina Maria de Jesus, autora do clássico instantâneo Quarto de Despejo, mulher, negra, sem estudo, sem apoio, sem patrocínio. “Guerrilheiramente, chegamos à nona edição”, diz Freire, por telefone ao jornal O Estado de S.Paulo.

A festa começa nesta quarta-feira, 19, às 19h30, no Teatro Oficina (R. Jaceguai, 520), “um símbolo de resistência cultural”, segundo o curador. Com direção de Marcelo Drummond e elenco do Oficina, o espaço recebe a montagem de O Assassinato do Anão do C… Grande, peça de título nada sutil de Plínio Marcos. O diretor Zé Celso Martinez Corrêa e o Teatro Oficina também recebem homenagens, e vários livros também terão o lançamento oficial no local hoje.

As mesas começam na quinta, 20, na Livraria da Vila da Fradique Coutinho. A primeira, às 11h, presta exatamente uma das homenagens a Carolina Maria de Jesus, cuja obra terá reedições em breve, entre elas, Quarto de Despejo, a ser relançado pela editora Ática em parceria com a editora Zumbi dos Palmares – atualmente, os livros de Carolina, esgotados, chegam a custar mais de R$ 200 em sebos. Estarão na livraria a jornalista Adriana Couto, a escritora mineira Ana Maria Gonçalves, a cantora Juçara Marçal, e Vera Eunice, filha de Carolina Maria de Jesus.

A programação segue com mesas às 14h e 16h, com convidados como Sergio Vaz, Clarice Freire e Raphael Montes, e às 18h, no Sesc Pinheiros (Rua Pais Leme, 195), Fabiana Cozza recebe os cantores GOG, Luíza Dionízio, Maurício Tizumba, Tiganá Santana e Tião Carvalho para um show em homenagem ao centenário de Carolina e também pelo Dia da Consciência Negra.

A festa segue na sexta, 21, também às 11h, 14h e 16h, na Livraria da Vila, com mesa de homenagem a Plínio Marcos, com o escritor Evandro Affonso Ferreira, entre outros, conversa sobre o filme A Hora da Estrela, com a atriz Marcélia Cartaxo e convidados, e um papo sobre jornalismo com, entre outros, Audálio Dantas, jornalista responsável pela descoberta de Carolina Maria de Jesus, quando ela morava na Favela do Canindé, em São Paulo. O dia continua com programação no Teatro Brincante, na Biblioteca Alceu Amoroso Lima, no Centro Cultura b_arco e no Confraria Nossa Casa.

A programação segue extensa no sábado, 22, e no domingo, 23, e termina só na próxima quarta-feira, 26, com a Ressaca Literária, com show do disco Plínio Marcos em Samba e Prosa, com Kiko Dinucci, Juçara Marçal e outros convidados. Todos os eventos são gratuitos (salvo o show de abertura, com Fabiana Cozza e convidados, no Sesc Pinheiros, nesta quarta, 19, com ingressos entre R$ 9 e R$ 30).

Grana

Autorizada a captar até R$ 280 mil pela Lei Rouanet, a Balada Literária deste ano está sendo uma das mais difíceis de viabilizar, de acordo com Marcelino Freire. “Não é um evento de um milhão, é um evento de humilhação”, diz, entre a brincadeira e a preocupação. Ele diz que vai passar o chapeuzinho, “no melhor espírito Plínio Marcos”, para tentar cobrir um rombo de R$ 20 mil constatado na última reunião – o evento arrecadou R$ 150 mil. A dificuldade, relata Freire, se dá pela evasão de patrocinadores, este ano mais interessados em eventos gigantescos como a Copa do Mundo e as eleições. “Sem luxos, calculamos hospedagens, passagens, refeições, cachês”,conta Marcelino. “É a luta que a gente tem que enfrentar todo dia por uma espécie de cena, sair da mediocridade reinante”, acrescenta, otimista. “A balada não se abala.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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