O fato de um júri ter se recusado a indiciar um policial branco pelos disparos que mataram um adolescente negro em Feguson, um subúrbio de St. Louis, provocou violentos confrontos entre policiais e manifestantes na noite de segunda-feira. Trinta pessoas foram detidas.
Incêndios ainda eram vistos após uma noite de violência. Manifestantes atearam fogo a viaturas policiais, quebraram janelas e saquearam lojas, enquanto a polícia respondia com disparos de munição não letal e gás lacrimogêneo. Pela manhã, era possível contar mais de 20 prédios incendiados.
A morte de Michael Brown, de 18 anos, em agosto, tornou-se um assunto nacional e levou à discussão sobre raça, justiça e policiamento, que levaram a semanas de protestos, que algumas vezes se tornaram violentos. Na noite de segunda-feira as tensões aumentaram. Horas antes da decisão, a polícia já usavam granadas de efeito moral, gás lacrimogêneo e munição não letal para dispersar a multidão em Ferguson, onde já havia saques e prédios em chamas.
O governador do Missouri, Jay Nixon, convocou a Guarda Nacional e, na manhã desta terça-feira, após os episódios de violência, ordenou que mais tropas sejam enviadas à cidade. O número de soldados adicionais não foi informado.
O júri, que divulgou sua decisão na noite de segunda-feira, foi encarregado de determinar se o crime ocorreu quando o policial de Ferguson Darren Wilson disparou contra Brown em agosto, após uma discussão entre eles.
Em comunicado, a família de Brown disse estar profundamente desapontada com a decisão do júri, mas pediu ações positivas das pessoas frustradas com o resultado para que ajudem a melhorar o sistema legal, o que inclui a exigência para que os policiais usem câmeras atadas ao uniforme. “Responder a violência com violência não é uma reação apropriada”, disse a família Brown em comunicado por escrito.
Departamento de Justiça
O Departamento de Justiça realiza sua própria investigação criminal para verificar se leis federais de direitos civis foram violadas no caso da morte de Brown, embora fatos conhecidos do caso sugiram que será difícil indiciar o policial que fez os disparos. Essa análise, porém, deve levar semanas ou meses, segundo pessoas ligadas ao trabalho.
Separadamente, o Departamento de Justiça abriu uma investigação civil que tem como alvo toda a força policial de Ferguson e vai analisar se a polícia local está acostumada com um “padrão e uma prática” de violações da lei e vai se concentrar no possível excesso do uso da força e em estatísticas de interpelações, buscas e prisões, assim como no tratamento dado a prisioneiros e policiamento discriminatório, informaram autoridades do Departamento de Justiça.
Fonte: Dow Jones Newswires.