Os dez tripulantes do barco brasileiro Tatuira, apreendido pela marinha do Uruguai na madrugada deste domingo, 13, quando fazia pesca irregular no mar territorial do país, estão “em bom estado de saúde e autorizados a retornar assim que apresentarem os documentos pessoais de identificação”, segundo nota de esclarecimento da Marinha do Brasil (MB).
A embarcação está ancorada, sob custódia, no porto de La Paloma. O grupo permanece a bordo. A MB acompanha a ocorrência por meio do Adido de Defesa e Naval comissionado na embaixada brasileira em Montevidéu. O governo reconhece o procedimento como regular nos termos da Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, o pacto que regulamenta “o exercício da soberania dos estados nacionais costeiros”.
O Tatuira é um navio médio, de madeira. Na noite de domingo foi avistado por um avião de patrulha marítima uruguaio a nordeste de La Paloma, a cerca de 130 km do porto, em águas territoriais do país. O comando de alerta acionou a fragata ROU 1 Uruguay que entrou em procedimento de busca acelerada e interceptação. Levava a bordo um grupo de fuzileiros para realizar a abordagem.
O encontro, às 5 horas, teve um incidente: embora declarasse inicialmente a perda de força e dos sistemas de navegação, o comandante do Tatuira, segundo o porta voz do Comando Geral da Armada (CGA), tentou uma manobra de risco, acionando os motores para tentar uma fuga em direção ao mar brasileiro.
Para bloquear o barco, a ROU 1 efetuou disparos de advertência usando metralhadoras 12,7 mm. No movimento de deserção, as embarcações quase se chocaram. Caso a ordem de parada total continuasse a não ser obedecida, a etapa seguinte poderia ser um tiro de imobilização, desta vez com um dos canhões de 100 mm da fragata.
Os fuzileiros encontraram quatro, dos seis porões do Tatuira, cheios de badejos, corvinas, merluzas e possivelmente também de atum. A carga foi confiscada. O pesqueiro apresado permanecerá à disposição da justiça do Uruguai, “o tempo necessário para a condução das investigações e pagamento das indenizações pertinentes”, de acordo com a Marinha do Brasil.
No Uruguai, a Diretoria de Recursos Aquáticos comentou ontem que são dados fundamentais para o inquérito, “saber quem é o proprietário da embarcação e para quem era feito (o trabalho) ilícito”.