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Tristeza, pedras e flores

Na vida, convivemos com uma série de sentimentos, que se misturam a todo momento. Às vezes, uma explosão de alegria, motivada por um evento qualquer, vem seguida de tristezas, por razões das mais diversas. Longe de um tratado psicológico ou rumar para o lugar comum das lamentações, prefiro dividir experiências. Aliás, temos uma atrás da outra.


Nos últimos 30 dias, fatos que acontecem com qualquer mortal chegaram bem perto da nossa casa. Nisso, incluem-se a descoberta de uma doença grave na família, acidente envolvendo a esposa, com perda total do carro e as decorrências naturais disso tudo. Administrar a adversidade não é nada simples. Ainda mais que a gente não pode amolecer. Afinal, há uma série de responsabilidades que dependem exclusivamente da gente.


Felizmente, como já disse, nem tudo são pedras. Existem flores, que só nos sorriem, justamente porque foram cultivadas no tempo certo. Esses são aqueles momentos de alegria, que vêm de maneiras até bastante simples. Pode estar no sorriso do filho amado, mesmo que distante, no abraço forte da esposa, na resposta que o cãozinho de estimação lhe dá toda vez que você chega no portão de casa ou no gol de seu time, que insiste em liderar o Brasileirão (não poderia deixar passar essa).


Nesse turbilhão todo, alguns momentos expõem com maior ímpeto a realidade, muito dura para um grande número de pessoas. Nesta sexta-feira, tive a oportunidade de conhecer de perto o Hospital das Clínicas, em São Paulo, e o Instituto do Câncer. O contato foi bastante superficial, porém o suficiente para rever alguns preconceitos que carregamos sobre hospitais públicos. Lógico que os dois centros médicos, referências na América Latina, estão longe da realidade de quem precisa de atendimento gratuito. Só consegue ir para lá quem tem o encaminhamento de especialidades e ainda assim após um bom tempo de espera.


Porém, lá dentro foi possível vivenciar como esse povo sofre, mas ao mesmo tempo recebe um atendimento bastante qualificado, prestado por profissionais abnegados e dispostos a oferecer o melhor. Lógico que seria impossível querer que todos saísem satisfeitos. Muitos nem saem vivos, aliás. Mas fica claro que nem tudo que é público é ruim.


Ficou um desejo enorme de que nossos governantes espalhem para toda a rede o mesmo tipo de atendimento. Talvez, fosse uma forma de dar flores a quem só está acostumado com as pedras.

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