Opinião

Truculência fora de hora e de lugar em relação à mídia

Quando se fala em censura à imprensa ou criação de mecanismos para regularizar os meios de comunicação social, um tema que volta e meia é debatido no Brasil, jamais se espera que algumas pessoas – que se julgam acima da lei e da ordem – ainda acreditem que podem calar um jornal por meio da força. Mas isso, de forma lamentável e vil, ainda ocorre.


 


Na manhã de ontem, dois elementos – como se usa no linguajar policial –, em plena avenida Paulo Faccini com Tiradentes, no coração da cidade, desceram de um automóvel VW Fox vermelho e partiram para cima dos funcionários do Grupo Mídia Guarulhos, que edita este Guarulhos Hoje, e que naquele momento distribuíam os exemplares da edição de ontem do jornal. Em seguida, se apropriaram de seis pacotes da publicação, fugindo em seguida sem antes deixar de fazer uma ameaça: “vamos em todos os pontos de distribuição fazer o mesmo”.


Imediatamente, as equipes de distribuição foram avisadas e a segurança para a simples entrega dos jornais a motoristas e pedestres que passam pelas ruas foi reforçada. Sabe-se que o jornal também desapareceu de alguns pontos fixos, inclusive da Câmara Municipal, porém sem diminuir a repercussão em relação às muitas notícias publicadas e aos anúncios nele veiculados. 


 


Não é prudente que se faça aqui qualquer juízo de valor em relação aos autores deste roubo de jornais. Mesmo porque sem uma ampla investigação seria irresponsável fazer qualquer menção a possíveis suspeitos de um ato que não cabe numa sociedade democrática. Porém, pelo conteúdo das reportagens publicadas naquela edição, é possível imaginar quem teria interesses em barrar a circulação do jornal. E por isso, é importante que a sociedade democrática se levante contra pessoas que ainda tentam calar a voz da mídia por meio da força.


Vale salientar que o Guarulhos Hoje, antes de publicar qualquer reportagem, sempre dá a oportunidade das pessoas ou empresas citadas ou envolvidas em qualquer situação, seja lícita ou não, de se manifestar.  E isto fica evidente nos textos, quando se menciona que sujeito x ou y não respondeu aos questionamentos até o fechamento da edição.


 


E tem mais. Se houvesse qualquer informação falsa ou difamatória publicada, o que não foi o caso, as pessoas ofendidas sempre teriam espaço para se manifestar e dar suas versões. Porém, imagina-se que – diante de uma reportagem bem apurada e redigida – não há muitos argumentos que possam se contrapor. Nesses momentos, os truculentos e sem razão perdem a noção da civilidade e partem para a ignorância.


Felizmente, a ação inibitória desta quinta-feira não servirá para calar o Guarulhos Hoje. Nem tampouco para mudar a conduta daqueles que honradamente fazem jornalismo 24 horas por dia, em defesa da verdade e da transparência. Aos que não têm noção do que é isso, roga-se que procurem se informar melhor para entender o verdadeiro sentido do que é liberdade. 

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