Trump corre para virar disputa eleitoral

A 34 dias da eleição, o presidente Donald Trump corre contra o tempo para mudar uma disputa com poucos indecisos, que já é considerada a mais estável da história recente dos EUA. Joe Biden lidera, de acordo com quase todas as pesquisas, e mantém a ponta desde o ano passado. A diferença oscila apenas levemente, mas o quadro geral permanece o mesmo.

Segundo o portal Five Thirty Eight, que agrega dezenas de pesquisas eleitorais, a diferença entre Biden e Trump está em 7,1 pontos porcentuais em favor do democrata (50,2% a 43,2%). Em 29 de agosto, Biden liderava com 8,6 pontos de vantagem, uma diferença parecida com a registrada em julho (8,3 pontos), junho (9,1), maio (5,6), abril (6), março (6,4).

Patrick Murray, diretor do centro de pesquisas da Monmouth University, diz que 81% dos eleitores já escolheram seu candidato. Em 2016, na mesma época, este número era de 66%. De acordo com ele, o cenário é ruim para o presidente.

O instituto YouGov conduziu um painel com eleitores em julho, antes das convenções partidárias, e outro em agosto, após a oficialização dos candidatos. O resultado foi que 93% dos participantes responderam a mesma coisa. A conclusão, de acordo com o instituto, é que restaram poucos eleitores indecisos para empurrar Trump na linha de chegada.

"Depois de duas convenções partidárias, da propagação contínua do coronavírus, da crise econômica, da agitação racial e de uma batalha por uma vaga na Suprema Corte, a corrida pela Casa Branca permanece estável", escreveu Emily Guskin, analista especializada em pesquisas eleitorais, no Washington Post.

"A eleição está estável. E isso é uma má notícia para Trump", escreveu Brian Arbour, professor de ciências políticas do John Jay College. "A polarização ajudou o presidente a manter o apoio leal dos eleitores republicanos. Mas a lista de ativos é mais curta do que a de passivos, neste momento. Trump está atrás em uma disputa incrivelmente estável. E ele precisa de alguma coisa que mude a situação."

<b>Mulheres</b>

De acordo com pesquisa do Washington Post e da ABC News, Trump lidera entre os homens, com uma vantagem de 13 pontos porcentuais (55% a 42%) – números parecidos com aqueles obtidos pelo presidente em 2016, quando derrotou a democrata Hillary Clinton.

O problema do presidente está entre as mulheres. O democrata abriu uma vantagem de 31 pontos porcentuais (65% a 34%) – na eleição passada, Hillary teve o voto feminino, mas a diferença foi bem menor (54% a 39%). "Trump tem um problema com as mulheres que pode lhe custar a eleição", escreveu Susan Milligan, colunista do US News.

A pesquisa Washington Post-ABC News também mostra um interesse pouco comum do eleitor americano: 6 em cada 10 entrevistados afirmaram estar acompanhando "bem de perto" a campanha, o índice mais alto desde a disputa entre George W. Bush e Al Gore, em 2000.

O presidente americano, no entanto, não é escolhido de maneira direta. Para vencer, o candidato deve obter pelo menos 270 votos no colégio eleitoral. Exceto em dois Estados (Nebraska e Maine), quem obtiver a maioria dos votos leva todos os eleitores de um Estado.

Por isso, as regras permitem que Trump vença mesmo obtendo menos votos que Biden – como vez em 2016, apesar de Hillary ter recebido quase 3 milhões de votos a mais. Analistas, porém, dizem que uma vitória no colégio eleitoral só é possível se a diferença nacional ficar em 5 pontos porcentuais. Acima disso, é quase impossível.

As chances de Trump, portanto, estão na eleição presidencial em alguns Estados-chave, onde a disputa é mais apertada. Segundo o portal Five Thirty Eight, Biden lidera na Flórida com vantagem de 1,8 ponto porcentual, em Ohio (1 ponto porcentual), Carolina do Norte (1 ponto) e Pensilvânia (5,4 pontos) – indicando que a disputa pode estar mais parelha do que mostra o voto nacional. (Com agências internacionais)

As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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