Internacional

Trump exclui reforma do Conselho de Segurança de sua proposta para a ONU

O presidente dos EUA, Donald Trump, frustra as esperanças de diversos países e exclui de seu plano de reforma da ONU qualquer referência a uma eventual ampliação do Conselho de Segurança, um eterno pleito brasileiro.

Na proposta obtida pelo Broadcast, dez pontos são apresentados sobre como transformar a ONU em uma entidade mais eficiente e relevante. Mas um dos pontos centrais – a reforma e ampliação do Conselho de Segurança – sequer é citado. Produto da Segunda Guerra Mundial, o órgão da ONU conta como membro permanente apenas cinco potências (EUA, França, Reino Unido, Rússia e China).

Mas, desde os anos 90, uma ofensiva passou a ser conduzida por países emergentes pelo reconhecimento de que o poder de veto não poderia estar limitado aos cinco países. Brasil e Índia ainda se aliaram a Alemanha e Japão para solicitar uma ampliação que os incluísse, sob a justificativa de que tal formato seria uma melhor representação do cenário político atual.

O projeto, porém, jamais caminhou e, com Trump, o sinal concreto emitido da Casa Branca é de que não se trata de uma prioridade. Pela proposta de Washington, uma reforma significaria essencialmente um enxugamento da burocracia, algo que outros governos também defendem.

No texto, os países afirmariam seu compromisso em “reduzir a duplicidade de mandatos e redundâncias, inclusive entre os principais órgãos da ONU”. O rascunho ainda fala em promover uma “maior transparência” e reforçar auditorias sobre os trabalhos dos órgãos internacionais.

Outro ponto da proposta é a de garantir “paridade de gênero e entre regiões geográficas” entre os funcionários da ONU. “Apoiamos o secretário-geral em sua busca por realizar mudanças concretas no sistema da ONU para melhor alinhar seu trabalho de resposta humanitária, desenvolvimento e elaborar iniciativas para a paz”, afirma o rascunho.

Trump quer a aprovação dessa proposta numa reunião que ele convoca entre chefes de Estado que estarão em Nova Iorque para a Assembleia Geral da ONU. O encontro está sendo convocado para o dia 18 de setembro, às vésperas da abertura do debate nas Nações Unidas com 193 países.

Governos foram convidados pelo anfitrião americano a assinar uma proposta com dez pontos, com o suposto objetivo de permitir uma “reforma significativa e efetiva” da ONU. O trabalho terá de ser conduzido pelo secretário-geral, António Guterres.

Tradicional crítico da ONU, Trump chegou a dizer durante sua campanha eleitoral que o organismo era um “clube onde as pessoas se reúnem, falam e passam um bom momento”.

Nos últimos meses, diversas entidades da ONU também registraram duros cortes de orçamentos diante da recusa da administração Trump em liberar recursos. Washington é responsável por arcar com 22% do orçamento da entidade. Mas vem exigindo cortes de gastos e inclusive o fim de certas operações de paz, que custam anualmente US$ 7,3 bilhões.

Trump e Guterres devem se reunir também no dia 18 e, dentro da ONU, a esperança é de que o português consiga demonstrar ao americano que um corte mais profundo de recursos significaria a interrupção de alguns trabalhos essenciais da entidade.

Entre diplomatas brasileiros, a esperança era de que a eleição de Guterres, no final do ano passado, desse um passo importante numa eventual reforma do Conselho. O português já havia se declarado neste sentido. Mas, desde que assumiu a ONU, passou a evitar falar publicamente sobre o assunto.

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