O presidente Donald Trump prometeu participar hoje da Marcha Pela Vida, reunião anual de manifestantes antiaborto dos EUA. Será o primeiro presidente da história americana a comparecer ao ato. Várias vezes, desde que se elegeu, em 2016, Trump afirmou ser "pró-vida", mas favorável à interrupção da gravidez em casos de estupro e incesto.
A decisão de Trump foi anunciada no momento em que os Estados Unidos têm aprovado duras restrições a procedimentos de interrupção da gravidez. O fato de um presidente dos EUA comparecer à Marcha Pela Vida reforça a divisão no país em relação ao tema, justamente em um ano eleitoral, quando a polarização sobre diversos assuntos deve dominar a campanha pela Casa Branca.
Diferentemente de seus antecessores, que se comunicaram com os líderes da manifestação por telefone ou enviaram vídeos de saudações, Trump decidiu discursar pessoalmente no evento. O presidente confirmou sua participação na manifestação que coincide com o 47º aniversário da decisão Roe v. Wade, de 1973, em que a Suprema Corte dos EUA estabeleceu o direito ao aborto.
Em ritmo de campanha eleitoral – apesar de a disputa presidencial ser apenas em novembro -, Trump vem tentando reforçar o vínculo com grupos conservadores que se opõem ao aborto. Em retribuição, no começo do mês, Susan Anthony List e seu grupo antiaborto anunciaram que doariam US$ 52 milhões para ajudar na reeleição do presidente e trabalhar para proteger a maioria republicana no Senado.
Os ativistas pelos direitos ao aborto acusam Trump de promover uma agenda contrária à interrupção voluntária da gravidez e manifestam sua preocupação com o que consideram uma ameaça à decisão histórica da Suprema Corte.
A Marcha pela Vida começou em 1974, um ano após o caso Roe v. Wade, e passou a incluir vários eventos associados, entre eles missas católicas, um serviço nacional de oração e uma conferência e uma exposição.
Hoje, a manifestação em Washington começará com o discurso de Trump. Em seguida, a marcha seguirá em direção à Suprema Corte. Em 2017, logo após a posse, Mike Pence se tornou o primeiro vice-presidente a participar do ato – na ocasião, Trump apareceu em um vídeo via satélite para uma multidão de 100 mil pessoas – uma drástica queda de público em relação a anos anteriores. Em 2018 e 2019, ele também enviou vídeos.
"Olhamos nos olhos de uma criança recém-nascida, vemos a beleza e a alma humana e a majestade da criação de Deus. Sabemos que toda vida tem sentido", disse Trump, no vídeo de 2019, antes de listar as ações antiaborto de seu governo e prometer rejeitar qualquer lei que "enfraqueça os esforços para impedir o acesso ao aborto".
Trump, que durante sua campanha prometeu nomear apenas juízes da Suprema Corte contrários ao aborto, até agora nomeou dois dos nove magistrados. A presidente da Marcha Pela Vida, Jeanne Mancini, e outros líderes antiaborto disseram que pretendiam diversificar os participantes e convidaram "qualquer pessoa que se oponha ao aborto" para a marcha deste ano.
A última pesquisa nacional do Instituto Gallup indica que apenas 21% dos americanos são contra o aborto em qualquer circunstância. Do lado oposto estão os 25% que são a favor em qualquer circunstância. No meio, 53% defende o aborto em determinados casos. Apesar de variações ao longo dos anos, os números são parecidos com os registrados em 1975, quando a pesquisa começou a ser feita.
Jeanne Mancini elogiou o apoio dado por Trump. "Desde a nomeação de juízes e trabalhadores federais, passando pelos fundos dos contribuintes para abortos, até pedindo o fim dos abortos tardios, o presidente tem apoiado consistentemente a nossa causa e seu apoio à Marcha Pela Vida tem sido inabalável", disse. (Com agências internacionais)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>