Washington, 27/11/2016 – Logo após sua eleição, Donald Trump se reuniu com Nigel Farage, líder do Brexit, que apoiou sua candidatura. Além de política, o encontro serviu para o futuro presidente pedir o empenho do aliado para barrar a instalação de turbinas eólicas em frente ao seu campo de golfe na Escócia, o que tornaria menos atraente a vista para seus hóspedes.
Após o encontro, Trump sugeriu pelo Twitter que Farage fosse nomeado embaixador britânico nos EUA, o que foi rejeitado por Londres. O caso é um exemplo das inúmeras situações em que os interesses do bilionário se entrelaçam com as relações diplomáticas do país que comandará a partir de janeiro.
Constitucionalistas consideram inevitável a existência de conflitos que levantarão questionamentos sobre as decisões de Trump em política externa: sua lealdade será com suas empresas ou com o interesse dos EUA? Levantamento do Washington Post revelou que pelo menos 111 companhias de Trump têm negócios em 18 países de América do Sul, Ásia e Oriente Médio.
No Brasil, sua organização tem um hotel, inaugurado na véspera da Olimpíada, e um projeto para construção de cinco torres no Porto Maravilha, ambos no Rio. Anunciado em 2012, o empreendimento de US$ 2,1 bilhões não saiu do papel, mas é alvo de investigação de procuradores federais por suspeita na liberação de recursos do FGTS.
Durante a campanha, Trump reconheceu que seus negócios com pelo menos um país poderiam afetar suas decisões na Casa Branca. “Tenho um pequeno conflito de interesse porque tenho um grande edifício em Istambul e é um trabalho tremendamente bem sucedido”, disse Trump ao ser perguntado se a Turquia seria parceira confiável no combate ao terrorismo.
Um dos maiores bancos estatais da China, o Bank of China é credor da Organização Trump, que também deve milhões de dólares ao Deutsche Bank, instituição que negocia o pagamento de multa com o Departamento de Justiça americano por irregularidades no mercado de hipotecas.
Apesar do anúncio de que transferirá os negócios para os filhos, Trump não se afastou totalmente da organização. Dez dias após sua vitória, ele se reuniu com seus sócios na Índia, onde tem cinco projeto imobiliários de luxo. Do encontro participaram seus filhos Ivanka, Eric e Donald Trump Jr., que comandarão suas empresas. (Cláudia Trevisan, correspondente) As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.