Algumas horas depois de discursar na televisão, o primeiro-ministro da Grécia, Alexis Tsipras, usou sua conta na rede social Twitter para tentar convencer os gregos a votar “não” no plebiscito do próximo domingo e para atacar as exigências dos credores internacionais, que pedem mais medidas de austeridade.
Em um dos 24 tuítes publicados em sequência na tarde desta quinta-feira, Tsipras disse que “o único caminho para alcançar melhores condições (para um acordo) e dar um fim ao ciclo vicioso da crise é permitir que os gregos manifestem sua opinião”. Segundo ele, as medidas de austeridade só servem para aprofundar a crise e que os trabalhadores e pensionistas gregos não podem mais suportar este “fardo”.
No domingo, os gregos serão perguntados se concordam ou não com exigências atuais dos credores, que incluem mudanças no sistema previdenciário do país e cortes no orçamento do governo. O primeiro-ministro aposta que uma eventual vitória do “não” pode dar mais força política ao governo para fechar um acordo de resgate financeiro com medidas “menos duras”. “O plebiscito dá a oportunidade ao povo grego de influenciar as negociações”, escreveu, usando a hastag “#OXI” em quase todos os tuítes. A expressão significa “não” em grego.
Tsipras afirmou ainda que, nos últimos cinco meses (período em que está no poder), o governo tem procurado por uma solução “justa e viável”, mas sem aceitar medidas que causam recessão econômica. “Durante os últimos cinco anos, a Grécia implementou as decisões de seus parceiros (credores), mas a solução para os problemas gregos ainda não foi encontrada”, disse, em referência às medidas de austeridade adotadas pelo governo anterior.
O único nome citado pelo primeiro-ministro foi o do ministro de Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble. “Nós não vamos aceitar a visão de Schäuble de que o euro significa pobreza, austeridade e catástrofe social”, disse. Tsipras também se queixou do tratamento que a mídia tem dado ao plebiscito. Segundo ele, a campanha pelo “não” tem sido “intencionalmente e inapropriadamente ignorada pelas emissoras de televisão”.
Além disso, o líder reiterou sua posição de que votar “não” na consulta popular significa votar contra uma “solução que não é viável”, em vez de ser um voto contra a Europa. “Significa demandar uma solução realista”, disse. Ele repetiu também que, no dia seguinte ao plebiscito, o governo retomará seus esforços para alcançar um acordo. (André Ítalo Rocha – [email protected])