Cidades

Túnel do tempo

Pouco antes de assumir a Prefeitura pela primeira vez, Elói Pietá (PT) escalou a empresa responsável pela coleta de lixo em Guarulhos, a Quitaúna, que mantinha relação bastante estreita com seu antecessor Jovino Cândido (PV), adversário nas eleições de 2000, como seu grande alvo, sugerindo que havia algo de podre nas relações com alguns fornecedores de serviços públicos. Falava para quem quisesse ouvir que o contrato do lixo era “escandaloso” e que deveria ser alvo de uma ampla auditoria.  
 
O tempo passa
 
Três meses após a posse como prefeito, em abril de 2001, questionado sobre o possível fim do contrato da administração com a Quitaúna, Elói já não demonstrava tanta ênfase ao termo “escandaloso”. Disse que estava vendo, que as coisas não aconteciam nos prazos que ele imaginava, mas que a história estaria andando. Oito anos depois, ao deixar a Prefeitura, a mesma empresa ainda era responsável pela coleta de lixo. Os contratos foram reajustados, com índices até acima da inflação.
 
 
O tempo voa
 
Pietá elegeu Sebastião Almeida como seu sucessor e o PT permaneceu no poder por mais oito anos. E quem seguiu como a única empresa coletora de lixo em Guarulhos? A mesma Quitaúna, aquela dos “contratos escandalosos”, como o ex-prefeito se referia anos atrás. E, por incrível que pareça, como as coisas mudam, o último chefe do Executivo, em seus últimos dias de mandato, adquiriu a área do aterro sanitário “em fim de vida”, onerando sem necessidade os cofres públicos, o que é hoje alvo de uma CEI aprovada na Câmara Municipal.
 
 
Continua numa boa?
 
Puxar um pouco da história recente talvez sirva para trazer um pouco de luz a toda essa discussão e romper tal ciclo. Por mais estranho que possa parecer, os vereadores que pediram a abertura da CEI do lixo foram muito próximos tanto de Almeida como de Pietá: Marcelo Seminaldo é – ainda – do mesmo PT, enquanto Lamé figura no sempre governista PMDB. Chama a atenção que a Câmara se negou a abrir qualquer investigação contra os dois ex-prefeitos ao longo dos 16 anos, durante quatro longas e discutíveis gestões. Bastou um mês longe da caneta para, pelo menos o último, tornar-se alvo dos nobres parlamentares.
 
 
Antídoto
 
O estilo – baseado na transparência das ações e proximidade com a população – que Guti (PSB) vem imprimindo à frente da Prefeitura de Guarulhos está sendo fundamental para ele superar as dificuldades deste início de governo. Até mesmo gente que busca até pelo em ovo para “bater por bater” no novo governo está encontrando certa dificuldade em fazer oposição. Desta forma, busca-se atingir alvos menores com o objetivo de causar algum desconforto a administração, o que – via de regra – não causa efeitos práticos. 

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