Estadão

Turismo e comércio de Capitólio sentem os efeitos do acidente

As consequências do acidente que matou dez pessoas no cânion de Capitólio, a 288 km de Belo Horizonte, já são sentidas no turismo da cidade, com cancelamentos de diárias em hotéis, passeios e queda no movimento de estabelecimentos como bares e restaurantes.

O acidente ocorreu no sábado, dia 8. As vítimas, que passeavam com lanchas no lago da represa de Furnas, foram atingidas por uma rocha que se soltou de um paredão na região dos cânions. No total, quatro embarcações foram atingidas.

Depois disso, a circulação de barcos e lanchas de passeio está proibida na represa. Às margens da rodovia que liga a cidade a Passos, restaurantes fechados indicam que os turistas já evitam o local, ao menos por enquanto. Nas marinas, as lanchas estão atracadas e quase não há movimento na represa. A região do acidente foi interditada pela Defesa Civil.

Dona de duas pousadas, Karla Cristiane Farias já viu as reservas caírem 50% em uma delas para a próxima semana. "Quem reservou para o final do mês ainda deve estar pensando", diz, com esperança.

Uma mulher que estava na represa e se feriu estava hospedada em sua pousada. Desde o acidente, ela tem evitado sair do quarto e cancelou o resto da viagem que faria na região, conta a proprietária.

Capitólio tem mais de 40 cachoeiras catalogadas, mas a represa e os cânions são seu cartão-postal. Há cerca de três anos, uma tromba d água atingiu um grupo de turistas. Depois disso, as cachoeiras passaram a ser monitoradas. Algumas delas têm sirenes e funcionários vigiando as áreas mais altas dos cursos de água.

De acordo com Karla, o turismo na cidade "se desenvolveu muito rápido nos últimos cinco anos". Ela diz que seu prejuízo não virá apenas dos quartos vagos das pousadas. Ela vende passeios nas atrações da cidade e recebe um porcentual dos lucros. O acidente na represa, diz, mostra fragilidades que precisam ser corrigidas.

No centro da cidade, as irmãs Beatriz Alves Soares e Talita Alves Soares também contabilizam as perdas. Elas abriram um café e restaurante em novembro e vinham contando com a presença de turistas para amortizar o investimento de quase R$ 200 mil. "Agora acho que vai ficar como se fosse movimento de baixa temporada, só com os moradores da cidade mesmo", diz Beatriz. Já Talita diz que Capitólio ficou muito marcada pelo turismo aquático, o que não reflete a diversidade ambiental que o destino oferece.

<b>FATALIDADE</b>

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, afirmou que o acidente em Capitólio foi uma fatalidade como a queda de um raio. Ele foi à cidade na tarde desta segunda-feira, para ver o local onde ocorreu a tragédia.

No clube náutico do município, ele se reuniu com bombeiros e policiais civis e militares que participaram do resgate dos corpos. "Não sou especialista nessa área, mas quero deixar claro que o que aconteceu ali é algo inédito", disse. "E quando cai um raio, quem é o responsável?"

Zema afirmou ainda que as investigações devem ser feitas, mas fez questão de frisar que o que houve foi fatalidade. O governador ainda assistiu a um vídeo do Corpo de Bombeiros que mostra imagens da lancha submersa após a queda da rocha do Cânion.

Sobre as chuvas e as situações de emergência em vários pontos do Estado, Zema afirmou que o governo federal enviou RS 45 milhões em ajuda. Apesar dos temporais, os reservatórios da Região Sudeste do Estado vêm sofrendo com o baixo nível de água. Zema culpa "os ambientalistas" por se oporem à construção de mais usinas hidrelétricas, o que, segundo ele, obriga o acionamento de termoelétricas. As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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