Dezenas de milhares de apoiadores do principal grupo de oposição da Turquia, juntamente com alguns membros do partido no poder, reuniram-se neste domingo em Istambul para denunciar a tentativa de golpe de 15 de julho, numa rara demonstração de unidade que desmente o desconforto da oposição sobre a repressão do presidente Recep Tayyip Erdogan desde que o levante fracassou.
Os manifestantes que agitavam bandeiras na Praça Taksim refletiam a rejeição generalizada da tentativa de golpe de Estado em um país que sofreu vários golpes de Estado nas últimas décadas. Mesmo assim, os últimos dias tem sido tensos na Turquia, que declarou estado de emergência de três meses e deteve mais de 13 mil pessoas das forças armadas, do judiciário e de outras instituições.
A manifestação foi organizada pelo Partido Republicano do Povo, de oposição, que estava perto de generais secularistas que costumavam controlar os militares. O partido perdeu influência desde que Erdogan chegou ao poder, mais de uma década atrás, com votos de uma classe muçulmana devota que ficava afastada sob a liderança dos últimos governantes seculares da Turquia.
“A tentativa de golpe foi feita contra o nosso Estado social, democrático, secular, governado pelo estado de direito”, disse o chefe do Partido Republicano do Povo, Kemal Kilicdaroglu, em um discurso. Ele não criticou diretamente Erdogan, embora tenha defendido a imprensa livre e a liberdade de reunião e tenha denunciado os perigos da ditadura e do autoritarismo. As declarações ecoaram, em parte, sua recente crítica de que o estado de emergência da Turquia põe em risco a democracia através da concessão de poderes extras para Erdogan.
Apesar das profundas divisões políticas da Turquia, o prefeito de Istambul e outros líderes do Partido da Justiça e Desenvolvimento se uniram aos manifestantes da oposição para denunciar a intervenção militar na política. Cartazes na passeata diziam “Não aos golpes” e “Apoiamos a República e a Democracia”.
Fonte: Associated Press