Em tempos de coronavírus e com todos os esportes cancelados, recordar é viver. Pelo menos esta foi a alternativa encontrada pelos canais esportivos da TV paga, e algumas emissoras abertas, que substituíram há duas semanas a quantidade imensa de eventos ao vivo, quase 15 horas diárias, por acontecimentos históricos. Os bate-papos intermináveis sobre futebol, com mesas-redondas, táticas e desempenhos e que consumiam até dez horas por dia da programação, agora possuem um tamanho reduzido ou foram totalmente substituídos por eventos do passado, como jogos memoráveis de Copa do Mundo, lutas de boxe e competições que o torcedor não esquece. A TV faz uma volta ao passado para segurar a atenção dos torcedores e, ao mesmo tempo, oferecer um tipo de programação mais leve e que possa dar folga para quem está dentro de casa mantendo a importante quarentena e envolvido com o noticiário da covid-19.
O SporTV, dono de quase cinco mil eventos ao vivo por ano, distribuídos em seus três canais, tem agora como carro-chefe as grandes vitórias de Ayrton Senna. Morto em maio de 1994, o piloto completaria 60 anos no último dia 21. Perfis e os GPs do Brasil de 1991 e 1993, vencidos pelo astro em Interlagos, mesmo que com uma transmissão "amadora" perto do que temos atualmente, mas com um Galvão Bueno em grande forma, são um prato cheio para os fãs de um dos maiores ídolos da história do esporte e também da modalidade.
O canal esportivo do Grupo Globo também abusa dos direitos de transmissão que possui com o futebol e o UFC. Com a bola rolando, os fanáticos pelo esporte podem rever as finais da Copa Libertadores, dos campeonatos brasileiros e estaduais ocorridos há mais de 20 anos, com Edmundo, Romário e Juninho Pernambucano no Vasco; Gamarra, Rincón e Marcelinho atuando pelo Corinthians; Marcos, Evair e Roberto Carlos no comando do Palmeiras. Até o Flamengo atual, de Jorge Jesus, campeão de quase tudo, são algumas das atrações.
Dá para notar claramente a mudança tática dos times e a distribuição dos jogadores em campo, só para entrar na discussão tática, além de poder rever com saudade os antigos estádios do Maracanã, Mineirão e Fonte Nova, que, apesar de desatualizados, eram muito mais charmosos na opinião de muitos. Jogos da seleção também são mostrados. A final da Copa do Mundo de 1994, entre Brasil e Itália, entrou na programação desta semana. Há um geração que não viu esse jogo, empatado em 0 a 0 e decidido nos pênaltis. A Itália de Roberto Baggio, que bateu sua cobrança para fora, sofre com a pandemia nesse momento.
A luta, composta por MMA e UFC, e o basquete norte-americano (NBA), com os jogos da NBA, são uma boa opção para o período da noite e é garantia de sucesso, pois possui um público cativo e fiel. Anderson Silva, Vitor Belfort, Minotauro e Minotouro dão show, enquanto o Golden State Warriors de alguns anos atrás não possuía adversários.
A ESPN aposta em seu arquivo inesgotável de jogos envolvendo equipes europeias, principalmente com duelos da Premier League e entre Barcelona e Real Madrid. "Na semana passada, deram alguns números bons (audiência)", revelou João Simões, chefe de produção da ESPN. Pudera. Quem não quer rever os galácticos Ronaldo, Figo e Beckham e o time catalão com Ronaldinho Gaúcho, Messi e Neymar.
Jogos da NBA e lutas (boxe e Bellator) são outros momentos que ajudam a manter a grade ativa e com boa recepção por parte do "fã de esporte", como o canal gosta de chamar seus assinantes.
O FOX Sports, em atividade desde 2012 no Brasil, aposta todas as suas fichas na revisão das últimas disputas da Libertadores, principalmente com as edições de 2012, 2017 e do ano passado, nas quais Corinthians, Grêmio e Flamengo foram os campeões: é o Libertadores Classic. Tem jogo de manhã, à tarde e à noite.
No BandSports, tênis e conteúdos jornalísticos produzidos para os Jogos Olímpicos de Tóquio são as apostas. A disputa foi adiada para 2021. No esporte que consagrou Gustavo Kuerten, o canal é o dono dos direitos dos últimos anos do tradicional torneio de Roland Garros, no qual é possível rever inúmeros grandes jogos no saibro do imbatível espanhol Rafael Nadal, contra os não menos espetaculares Novak Djokovic e Roger Federer.