Diversos leitores se manifestaram em relação à coluna publicada nesta quinta-feira, que trouxe notas que mostraram o empenho do ex-vereador guarulhense Edmilson Americano (PHS), líder nacional dos taxistas, para a aprovação do projeto de lei na Câmara Federal, que determina a regulamentação dos serviços de transporte de passageiros, tipo Uber, que funcionam com o uso de aplicativos. Diante da polêmica, importante voltar ao tema.
Conhecimento
Este colunista utiliza, eventualmente, os serviços de táxi e também já experimentou o Uber. Não há dúvidas que o preço menor cobrado pelo segunda agrada bastante, já que – em alguns casos – fez com que eu optasse pelo transporte coletivo pelo individual. Porém, nessas andanças vivi algumas experiências, algumas desastrosas, além de acompanhar diariamente o que se fala e o que acontece em relação a este caso. Entendo que há espaço para as diferentes formas e até outras, que possam e vão surgir. Mas creio que a regulamentação é mais do que necessária.
Perigosa brecha
Apesar de ser um transporte individual, o passageiro precisa ter garantias sobre o serviço prestado. Existem taxistas “picaretas”? Sim, com certeza há aqueles que dão uma volta a mais, escolhem o caminho mais longo e se beneficiam da ausência do transporte coletivo para cobrar um tanto a mais. Porém, a falta de regulamentação para o “serviço alternativo” deixa uma grande brecha para que qualquer um, seja no veículo for, possa transportar sua mulher e seu filho como bem entender.
Nem tudo são flores
Confiar que as empresas – que visam lucros e fazem qualquer negócio – têm condições de determinar quem pode ou não se tornar um “Uber” é tentar eximir de responsabilidade os entes públicos. Em minhas pesquisas e histórias reais que tive conhecimento, há casos sim de veículos inadequados, práticas nem um pouco recomendadas na relação empresa-motorista e, o pior, motoristas sem qualquer qualificação para o trato público.
Uber dos ares
Em uma das oportunidades, utilizei um carro bastante velho, que não oferecia qualquer segurança aos usuários. Em outra, o motorista – um senhor com idade avançada – demonstrou que não tinha grandes habilidades ao volante e teve muita dificuldade para atravessar um pequeno trecho de uma importante avenida de São Paulo. Fora que não conseguia entender direito o próprio aplicativo, que lhe dá o sustento. Muitos podem considerar a comparação exagerada, mas é real: a escolha da diretoria da Chapecoense no trágico voo rumo à Colômbia se deu pela empresa mais barata. Seria a Lamia o Uber dos ares? Fica a reflexão antes de a gente achar que só o bolso importa.