Kiev, 27/12/2014 – O governo da Ucrânia disse neste sábado que a interrupção dos transportes ferroviário e rodoviário para a península da Crimeia deve ser apenas uma medida temporária. Ontem, as conexões com a região – que foi anexada pela Rússia em março – foram interrompidas. O coronel Andriy Lysenko, porta-voz do conselho de segurança da Ucrânia, disse neste sábado que as conexões foram interrompidas porque “existe uma alta probabilidade de sabotagem por parte de grupos terroristas que se disfarçam de moradores locais”. Ele não detalhou quanto tempo o bloqueio deve durar.
A polícia ucraniana está investigando três explosões no sul do país, duas delas em uma cidade perto da Crimeia e outra em Odessa, onde existe um grande porto no Mar Negro e forte concentração de descendentes de russos. Em Kherson, 100 quilômetros a norte da Crimeia, um homem se explodiu em uma casa de câmbio após exigir dinheiro e outro morreu quando os explosivos que carregava detonaram do lado de fora de uma loja. Já em Odessa, um homem morreu quando carregava explosivos antes do amanhecer, mas não há mais detalhes sobre o caso.
Ontem, segundo comunicado da Ukrzaliznytsia, a estatal ucraniana de transporte ferroviário, o serviço para passageiros e carga para a Crimeia foi suspenso “para garantir a segurança dos passageiros”. A distribuidora de eletricidade Ukrintenergo, que fornece cerca de 80% da energia elétrica usada na Crimeia, tem suspendido o serviço intermitentemente nos últimos meses. Em abril, a Ucrânia já havia fechado um canal de irrigação que respondia por 85% da água doce consumida na Crimeia.
A intensificação da pressão sobre a Crimeia acontece poucos dias depois de conversações em Minsk, na Bielorrússia, entre o governo ucraniano e os rebeldes separatistas de etnia russa que operam no leste da Ucrânia. As negociações, mediadas pela Rússia e pela Organização para Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), têm a meta de solidificar um cessar-fogo declarado pelos rebeldes em setembro. Mais de 1.300 pessoas morreram em combates no leste da Ucrânia depois de o cessar-fogo ser declarado, o que elevou o número de mortos nesse conflito a cerca de 4.700. Fonte: Dow Jones Newswires.