Eles são chefes de milícias, comandantes de batalhões e líderes da resistência contra os separatistas. Agora, trocaram uniformes por ternos e, nas ruas de Kiev ou de Odessa, pedem o voto da população nas eleições para o Parlamento ucraniano, que ocorrem dentro de 20 dias.
Seis meses depois de derrubar o governo de Viktor Yanukovich, a Ucrânia começa a campanha para escolher seus parlamentares e, na prática, finalmente mudar a lógica política do país com uma nova geração de líderes. Enquanto vigora o cessar-fogo no conflito entre forças ucranianas e a insurgência separatista pró-russa no leste, a campanha eleitoral é marcada por um patriotismo exacerbado e uma tensão palpável.
Para Vitali Klitschko, o novo prefeito de Kiev e um dos líderes dos protestos de fevereiro, o que está em jogo nas eleições é a real reformulação dos políticos no poder. “Quem estava no poder mentiu muito”, disse. “Não acreditamos mais nos políticos antigos. Por isso, pedimos novas eleições. O Parlamento não representa o povo, mas sim os oligarcas e os amigos de Yanukovich. Eles continuam financiando separatistas e querem desestabilizar o país.”
O próprio presidente, Petro Poroshenko, é um oligarca e ex-ministro do Yanukovich que se distanciou bem dele antes da queda. Desta vez, as listas de candidatos trazem nomes e rostos de pessoas que jamais foram políticos. No entanto, elas são marcadas por figuras identificadas como líderes da defesa da independência. Na lista de candidatos a deputado pelo Partido Radical, por exemplo, está o comandante do Batalhão Aidar, Serhiy Melnychuk, um dos líderes da milícia em Luhansk.
O grande destaque, porém, é a piloto de caças Nadiya Savchenko, capturada por forças russas que, mesmo assim, é líder da lista do Batkivshchyna, partido da ex-premiê Yulia Tymoshenko, que teve de ceder seu lugar para a militar prisioneira. No total, são 29 partidos registrados. Ativistas também se destacam entre os candidatos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.