A União Europeia e a Ucrânia concordaram nesta sexta-feira em atrasar um dos pontos principais do acordo de associação entre o país e o bloco econômico. Em troca, a Rússia, que se sentiu contrariada com o anúncio da negociação, vai adiar a imposição de medidas de retaliação contra o comércio ucraniano.
O acordo evita um possível confronto que poderia surgir no dia 1º de novembro, quando o contrato entre a Ucrânia e a UE deveria entrar em funcionamento. Autoridades europeias esperam que o atraso também forneça um respiro para os dois lados reduzirem a tensão militar no leste ucraniano.
Pelo pacto firmado na sexta-feira, a Ucrânia e os Parlamentos europeus ainda vão assinar o acordo de associação na semana que vem, como planejaram. E a UE vai continuar a amenizar as regras para importação bens ucranianos, como combinado. Mas a Ucrânia deve atrasar a redução de tarifas para produtos europeus até o fim de 2015. Essa medida em específico preocupava muito a Rússia, que reclamava de uma possível inundação de bens europeus no país trazidos pela fronteira com a Ucrânia.
O Comissário de Comércio da União Europeia, Karel De Gucht, anunciou a decisão após o encontro com o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Pavlo Klimkin, e o ministro de Desenvolvimento Econômico russo, Alexei Ulyukayev. Ele reconheceu que dar influência à Rússia sobre uma questão que deveria ser tratada apenas com a Ucrânia pode abrir um precedente ruim, mas acrescentou que “o mundo é feito de precedentes ruins”.
De Gutch disse que, dada a situação volátil entre a Rússia, a Ucrânia e a Europa, um passo tranquilizante como este faz sentido. “É uma situação muito complicada. É uma situação de guerra”, disse ele. “Se eu puder contribuir para acalmar as tensões, será uma coisa boa.” Um atraso de 14 meses, ele afirmou, não será “o fim do mundo”.
Autoridades ucranianas ameaçaram rebaixar a condição comercial da Ucrânia se a associação com a União Europeia tivesse início no dia 1º de novembro. De acordo com o que ficou acertado nesta sexta-feira, a Rússia concordou em manter o regime do comércio entre os dois países no patamar em que está hoje.
Autoridades europeias esperam que o atraso dê mais tempo às três partes para negociarem os termos que permitirão uma associação totalmente implementada, e que quando isso ocorrer, as tensões também serão reduzidas. Um depoimento conjunto informou que os três ministros concordaram que “esse processo em curso necessita ser parte e parcela de um processo compreensivo de paz na Ucrânia, respeitando o direito ucraniano de decidir seu próprio destino e sua integridade territorial”.
O presidente ucraniano, Petro Poroshenko, assinou o acordo de associação com a União Europeia em junho. Ambos os lados saudaram o pacto como um passo importante na aproximação entre a Ucrânia e a Europa. O contrato tem como objetivo reduzir as tarifas da maioria dos produtos negociados entre as partes, e em troca os ucranianos concordariam em adotar medidas para atingir os padrões europeus.
Moscou se mostrou contrário à medida desde o início, dizendo que o acordo prejudicaria as economias tanto da Ucrânia como da Rússia porque forçaria as empresas desses países a atenderem às exigências europeias. A Rússia vê o pacto como um símbolo de que a Ucrânia, país com o qual mantém laços históricos e culturais, está saindo de sua esfera de influência. Fonte: Dow Jones Newswires.