Um dia após ser eliminada do Mundial de esgrima por não aceitar cumprimentar a russa Ana Smirnova após combate, a esgrimista ucraniana Olga Kharlan foi confirmada nos Jogos Olímpicos de Paris. A decisão foi confirmada pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) através de carta. A vaga adicional será usada caso Kharlan não consiga a classificação pelas competições.
"Dada a sua situação única, o Comitê Olímpico Internacional concederá uma vaga adicional para você nos Jogos Olímpicos Paris 2024, caso você não consiga se qualificar no período restante. Fazemos esta exceção única também porque as competições em andamento não compensarão os pontos de qualificação que você perdeu devido à sua desqualificação. Porém, você deve cumprir os outros critérios de elegibilidade, assim como qualquer outro atleta olímpico", diz a carta de Thomas Bach, presidente do COI.
De acordo com Kharlan, antes do confronto com Anna Smirnova acontecer, ela questionou a organização do Mundial se era possível uma mudança de oponente por causa da guerra que envolve os dois países desde o início de 2022. Com a negativa, a ucraniana questionou se o aperto de mãos após o combate, tradição da modalidade e previsto em regulamento, poderia ser trocado por um toque das espadas. De acordo com a esgrimista da Ucrânia isso foi aceito, mas não foi respeitado pela adversária. Após a eliminação de Olga, COI e Federação Ucraniana de esgrima tentaram apelar para a organização da competição e não tiveram sucesso.
Após a oficialização da vaga adicional, Olga Kharlan usou as redes sociais para agradecer a decisão histórica. A atleta fez questão de agradecer a todos de seu país pela ajuda para a conquista e o carinho de todos.
"O que está acontecendo agora certamente ficará para a história. Isto é algo incrível. Obrigado a cada um de vocês! Obrigado a todas as organizações da minha adorável Ucrânia que me apoiaram! Obrigado a todos os que se juntaram e deram a sua importante contribuição para esta decisão", disse a atleta no post em suas redes.
ENTENDA O QUE ACONTECEU
O confronto entre Olga Kharlan e Anna Smirnova no Mundial de Esgrima foi cercado de expectativa. Por causa da guerra entre os países, a ucraniana teve de receber uma autorização governamental para ir para o combate, já que em torneios deste tipo atletas do país não podem enfrentar russos. Na disputa, Kharlan, que é quatro vezes campeã mundial e dona de um ouro e dois bronzes olímpicos, dominou e ficou com o triunfo.
Após o duelo, a atleta da Ucrânia se recusou a encostar em Anna Smirnova e causou mal-estar nos árbitros e organizadores. Por regulamento, a atleta que não cumprimentar a adversária após o fim de um confronto é advertida com um cartão preto, que significa a eliminação da competição e uma suspensão de dois meses.
Apesar do regulamento obrigar a eliminação de Kharlan, a comissão do Mundial de esgrima demorou para oficializar a desclassificação. Durante o tempo em que a arbitragem e a direção da prova definiam o que fazer, Anna Smirnova permaneceu na área de competição sentada em uma cadeira.
Depois de cerca de 50 minutos de análise, a organização do Mundial de esgrima oficializou a eliminação da representante ucraniana por não ter cumprimentado a adversária. Apesar de ter ficado todo o tempo esperando a definição da punição, Anna Smirnova não ficou com a vaga e também deu adeus para a competição.
Após o anúncio da desclassificação, o Comitê Olímpico Internacional (COI) e a Federação Ucraniana de esgrima enviaram comunicado para a Federação Internacional de Esgrima pedindo que o caso fosse reconsiderado e a atitude fosse entendida de uma outra forma, mas a eliminação não foi revogada. Rússia e Ucrânia estão em guerra há mais de um ano.