A Rússia disparou 30 mísseis contra diferentes partes da Ucrânia na madrugada desta quinta-feira, 18. As defesas aéreas ucranianas abateram 29 mísseis, segundo as autoridades. O ataque ocorre um dia após acordo com Moscou para prolongar um pacto que lhe permite exportar cereais através do Mar Negro. "A série de ataques aéreos contra Kiev continua, sem precedentes no seu poder, intensidade e variedade", disse Sergi Popko, chefe da administração civil e militar de Kiev.
Uma pessoa morreu e duas ficaram feridas por um míssil que atingiu e atravessou um edifício industrial na região sul de Odessa, de acordo com Serhii Bratchuk, porta-voz da administração militar da região.
Fortes explosões atingiram Kiev, quando as forças do Kremlin atacaram a capital pela nona vez este mês, numa clara escalada após semanas de calmaria e antes de uma contraofensiva ucraniana muito esperada, utilizando armas ocidentais avançadas recentemente fornecidas.
Os destroços caíram em dois bairros de Kiev, dando início a um incêndio num complexo de garagens. O bombardeio em toda a Ucrânia incluiu seis mísseis hipersônicos russos Kinzhal – o maior número disparado num único ataque na guerra até agora, segundo o porta-voz da força aérea ucraniana, Yurii Ihnat.
Os mísseis foram lançados de bases marítimas, aéreas e terrestres russas, escreveu no Telegram o general Valerii Zaluzhni, comandante em chefe da Ucrânia.
Segundo as autoridades de Kiev, as forças russas utilizaram bombardeiros estratégicos da região do Cáspio e, dispararam mísseis do tipo X-101 e X-55, desenvolvidos durante a era soviética. Em seguida, a Rússia colocou drones de reconhecimento sobre a capital.
No último grande ataque aéreo a Kiev, na terça-feira, 16, a defesa aérea ucraniana, reforçada por sofisticados sistemas fornecidos pelo Ocidente, abateu todos os mísseis que se aproximavam, disseram as autoridades.
Esse ataque utilizou mísseis hipersônicos, que o presidente russo Vladimir Putin tem repetidamente apregoado como uma vantagem estratégica fundamental. Os mísseis, que se encontram entre as armas mais avançadas do arsenal russo, são difíceis de detectar e interceptar devido à sua velocidade hipersônica e capacidade de manobra.
Mas os sofisticados sistemas de defesa aérea ocidentais, incluindo os sistemas de mísseis Patriot de fabricação americana, ajudaram a poupar Kiev do tipo de destruição testemunhado ao longo da principal linha da frente no leste e no sul do país.
Enquanto os combates terrestres estão em grande parte bloqueados ao longo dessa linha da frente, ambos os lados atacam o território um do outro com armas de longo alcance.
Segundo o presidente Volodimir Zelenski, uma criança de 5 anos foi uma das mortas pelos bombardeios russos na região de Kherson. O menino, a quem o presidente se referiu apenas pelo nome Vsevolod, faria 6 anos em julho.
Entre outros acontecimentos, as autoridades instaladas pelo Kremlin na Crimeia ocupada comunicaram o descarrilamento de oito vagões de trem na quinta-feira devido a uma explosão. Segundo a imprensa estatal russa, o trem transportava cereais.
Citando uma fonte dos serviços de emergência, a agência noticiosa estatal <i>RIA Novosti</i> disse que o incidente ocorreu não muito longe da cidade de Simferopol. As estradas de ferro da Crimeia informaram que o descarrilamento foi causado pela "interferência de pessoas não autorizadas" e que não houve vítimas.
O chefe da Crimeia instalado pela Rússia, Sergei Aksyonov, afirmou que os serviços ferroviários na seção afetada da linha foram suspensos. Além disso, duas pessoas ficaram feridas num ataque de drones na região de Kursk, no sul da Rússia, que faz fronteira com a Ucrânia, informou o governador regional na quinta-feira.
<b>Emissário chinês visita Kiev</b>
Em visita à capital ucraniana, o emissário chinês Li Hui, afirmou que não existe uma solução milagrosa para a guerra na Ucrânia e apelou a Kiev e Moscou para iniciarem negociações.
"Não existe uma solução para resolver a crise e todas as partes devem construir uma relação de confiança mútua e criar condições para acabar com a guerra e começar o diálogo", afirmou Li, citado num comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.
Li reuniu-se com o Ministro dos Negócios Estrangeiros ucraniano, Dmitro Kuleba, na visita que iniciou na terça-feira e cujo objetivo teria sido procurar uma solução política para o conflito entre a Rússia e a Ucrânia. É o mais alto funcionário que se deslocou à Ucrânia desde o início da invasão russa, em fevereiro de 2022.
Durante as conversações com as autoridades ucranianas, Li disse também que a China "continuará a prestar assistência à Ucrânia, dentro das suas capacidades". Li visitará a Rússia, a Polônia, a Alemanha e a França nos próximos dias.
A China, um aliado próximo de Moscou, não condenou publicamente a invasão russa, mas propôs um plano de 12 pontos para acabar com a guerra, recebido com ceticismo pelas potências ocidentais aliadas da Ucrânia. O Presidente chinês Xi Jinping deslocou-se a Moscou em março, dando um apoio simbólico ao presidente russo Vladimir Putin contra os ocidentais. (Com agências internacionais).