O estrago causado pelas explosões na base aérea russa de Saki, localizada na península da Crimeia, ficaram mais evidentes nesta quinta-feira, 11, quando imagens de satélite captadas pela empresa americana Planet Labs revelaram de forma detalhada os danos em solo. As fotos aéreas mostram que crateras surgiram em locais anteriormente ocupados por edificações – um indicativo de que o evento pode se tratar de um ataque de alta precisão.
Há dúvida sobre o que realmente se passou na base aérea. O Ministério da Defesa da Rússia confirmou as explosões na terça-feira, 9, mas as atribuiu a uma detonação de munições armazenadas no local, negando que tenha ocorrido um ataque aéreo. Kiev não reivindicou o ataque imediatamente, mas fontes militares ucranianas confirmaram anonimamente ou deram declarações dúbias sobre o suposto ataque.
Na quarta-feira, 10, uma autoridade do governo ucraniano confirmou ao <i>The Washington Post</i> que forças especiais da Ucrânia teriam realizado o ataque. Uma fonte militar americana teria dito também ao jornal americano que o ataque aparentava ter sido realizado por forças ucranianas, utilizando armas diferentes das enviadas por Washington – apesar dos pedidos de Kiev, os EUA não forneceram à armas de longo alcance à Ucrânia por temores de que elas pudessem ser usadas em ataques dentro das fronteiras russas.
O dano exato causado pelas explosões – sejam elas decorrentes de um ataque ou de um erro de manuseio – também é incerto. Segundo a Força Aérea da Ucrânia, nove aviões militares russos foram destruídos, o que significaria a maior perda para Moscou em um único dia desde o início da guerra. A Rússia afirma que os danos foram mínimos – além de um único morto, o responsável pela Crimeia, Sergei Aksionov, informou que cinco pessoas ficaram feridas.
Um ataque ucraniano bem-sucedido na Crimeia seria uma escalada significativa na guerra. Ao atacar além de suas fronteiras, em território que os russos consideravam seguro, a Ucrânia poderia mudar o cálculo da guerra, forçando Moscou a redistribuir as defesas.
<b>Território em disputa</b>
O suposto ataque mostra o estranho papel da Crimeia em meio ao conflito, enquanto território reivindicado por Kiev e Moscou. Após as explosões na terça-feira, a editora-chefe da emissora estatal russa <i>RT</i>, Margarita Simonyan, referiu-se à península como uma "linha-vermelha" em uma publicação nas redes sociais. No mesmo dia, o presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, afirmou que a Crimeia pertence à Ucrânia. "Nós não vamos nunca desistir (da Crimeia)", disse em um discurso.
Sob domínio de Moscou desde 2014, a Crimeia é um destino turístico apreciado pelos russos, que aproveitam para passar as férias de verão (no Hemisfério Norte) nas praias da costa do Mar Negro. (Com agências internacionais).