Uma esperança cautelosa marcou esta terça-feira, 29, 34º dia de guerra, com uma nova rodada de negociações entre russos e ucranianos, dessa vez na Turquia, dando sinais de ter alcançado um avanço rumo a um possível acordo de paz. Mas a declaração da Rússia de que estava reduzindo as hostilidades em torno de Kiev como um gesto de boa vontade para as negociações não convenceu países como EUA e Reino Unido, que disseram que só acreditam vendo.
Desconfiança também do lado ucraniano, até mesmo na mesa de negociações em Istambul. A delegação foi orientada por Kiev a não comer ou beber – ou mesmo tocar em qualquer coisa – durante as conversações com a Rússia. O pedido faz sentido depois das informações divulgadas na segunda-feira de que o oligarca russo Roman Abramovich e outros possam ter sido envenenados durante encontros anteriores.
No terreno, os combates não dão trégua. Justificando as desconfianças, os russos conduziram ataques militares, seguidos por contraofensivas ucranianas, em todo o país.
<b>Nova chance para a paz</b>
A rodada de negociações entre a Rússia e a Ucrânia na Turquia nesta terça-feira parece finalmente ter alcançado um avanço em direção a um possível acordo de paz. As duas delegações discutiram o cessar-fogo e garantias de segurança internacional para a Ucrânia, que se colocou à disposição para adotar a neutralidade em alianças militares.
Após a reunião, a Rússia afirmou que vai reduzir a atividade militar em Kiev e em Chernihiv e que pode acelerar um encontro entre os presidentes Vladimir Putin e Volodmir Zelensky. Mas o anúncio de Moscou não convenceu o presidente dos EUA, Joe Biden, que disse não ter visto ainda nada sobre a retirada e, até que ela aconteça, garantiu a manutenção das sanções. O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, deu declaração no mesmo sentido.
<b>Diplomacia</b>
Holanda, Bélgica e Irlanda anunciaram a expulsão dos diplomatas russos de seus países sob a acusação de estarem agindo como oficiais de inteligência para a Rússia. Ao todo serão 42 diplomatas, somando-se a dezenas de outros que já foram expulsos de demais países como retaliação à invasão da Ucrânia pela Rússia.
<b>Na frente de batalha</b>
Se no campo da diplomacia as partes tiveram uma faísca de esperança de avançar rumo a uma trégua, na frente de batalha o cenário de destruição visto nas últimas semanas se repetiu, com ataques militares russos e contraofensivas ucranianas por todo o país. Especialmente perto da cidade portuária de Odessa, um ataque das forças russas matou ao menos 12 pessoas e destruiu parcialmente a sede do governo regional de Mikolaiv.
Uma reportagem do jornal americano <i>The Washington Post</i> mostra que, cada vez mais, os ucranianos estão enfrentando uma verdade desconfortável: o compreensível impulso dos militares de se defender contra ataques russos pode estar colocando civis na mira. Praticamente todos os bairros na maioria das cidades se tornaram militarizados, alguns mais do que outros, tornando-os alvos potenciais para as forças russas que tentam derrubar as defesas ucranianas. (Com agências internacionais).