A Uefa anunciou nesta terça-feira que abriu uma ação disciplinar contra Montenegro e vai investigar a acusação de abuso racial pelos seus torcedores contra os jogadores da seleção da Inglaterra Callum Hudson-Odoi e Danny Rose na partida disputada em Podgorica e válida pelas Eliminatórias da Eurocopa de 2020. Os atletas relataram terem ouvido os cânticos imitando sons de macaco durante a goleada dos ingleses por 5 a 1, na última segunda.
Ao confirmar a abertura do processo disciplinar, a Uefa explicou que o caso será avaliado em 16 de maio. E também apontou que os montenegrinos também foram acusados de tumultos na torcida, uso de fogos de artifício, arremesso de objetos no campo e bloqueio de escadas no estádio.
A partida em Montenegro foi acompanhada por monitores antidiscriminação da Uefa, pois eles consideraram que o duelo teria “alto risco” de racismo. A rede conhecida como Futebol Contra o Racismo na Europa (Fare, na sigla em inglês) fornecerá evidências que podem levar Montenegro a atuar com os portões fechados ou ao menos algum setor sem a presença de torcida em seu próximo jogo como mandante pelas Eliminatórias da Eurocopa de 2020, em junho, contra o Kosovo.
“Tivemos um observador presente que obteve evidências de abuso racial”, disse a Fare em um comunicado divulgado nesta terça-feira. “Nossa equipe de monitoramento tem compilado evidências e vamos apresentá-las à Uefa. Nós elogiamos a reação dos jogadores ingleses envolvidos. Nenhum ser humano deveria ter que enfrentar abuso e difamação por sua raça ou identidade, algo que muitos montenegrinos vão entender a partir da sangrenta história recente de divisão dos Bálcãs”, acrescentou.
Ao marcar o quinto gol da Inglaterra, Raheem Sterling segurou suas orelhas na celebração, com torcedores montenegrinos o ofendendo na sequência e arremessando um objeto – supostamente um isqueiro – no campo, que foi apanhado por Hudson-Odoi. O técnico do Montenegro, Ljubisa Tumbakovic, disse que não percebeu manifestações racistas, mas Hudson-Odoi, em uma entrevista pós-jogo, imitou os cânticos de macaco que ele e Rose ouviram.
“O desafio de combater o racismo e outras formas de discriminação no futebol europeu continua a ser uma questão constante. A mudança da sociedade e a educação que são a solução final são lentas. Mesmo nos países da Europa Ocidental, onde tem havido investimento e foco nessas questões, a discriminação continua a ser uma mancha no futebol”, acrescentou a Fare.