A comemoração da seleção irlandesa pela conquista da vaga na Copa do Mundo Feminina de 2023 virou alvo de investigação da Uefa, conforme informado pela entidade nesta quinta-feira. Isso porque jogadoras celebraram a classificação entoando uma canção que exalta o Exército Republicano Irlandês (IRA), grupo paramilitar nacionalista conhecido pela prática de métodos terroristas.
"Baseado no Artigo 31(4) dos Regulamentos Disciplinares, A Comissão de Ética e Disciplina da Uefa vai investigar o suposto comportamento inapropriado de jogadoras da do time feminindo da República da Irlanda após a partida do segundo jogo das eliminatórias da Copa do Mundo, jogado contra a Escócia em 11 de Outubro. Informações sobre este assunto serão disponibilizadas oportunamente", diz o comunicado da Uefa.
Depois de vencerem a Escócia por 2 a 0 e garantirem a vaga no mundial, as irlandeses cantaram "Celtic Symphony", da banda The Wolfe Tones, conhecida por apoiar o republicanismo e o nacionalismo irlandês. A música, faixa do álbum Rifles of the I.R.A. (Fuzis do Ira), lançado em 1970, tem trechos com frases como "Ooh, ah, viva o IRA".
A Federação Irlandesa de Futebol fez uma publicação se desculpando pelo ato das jogadoras, capturado em vídeos que circulam nas redes sociais. "A FAI, mais uma vez, gostaria de pedir desculpas por qualquer ofensa causada e continuará a rever a situação, para garantir que nossos jogadores internacionais e a comissão técnica de todas as nossas equipes estejam cientes de suas responsabilidades", diz o texto.
Diante da polêmica, Brian Warfield, vocalista da banda, afirmou ao jornal Irish Times que escreveu a música após ver um grafite em um muro da cidade de Glasgow e que a letra não está "necessariamente se referindo ao IRA", mas disse não ver problema na atuação do grupo. "O que diabos há de errado com o IRA? É o Exército Republicano Irlandês. São as pessoas que nos colocaram aqui e nos deram alguma esperança quando não tínhamos esperança", comentou.