Em seus últimos meses, Eduardo Galeano concluiu o trabalho que encerrará sua obra literária, um conjunto de mini relatos inéditos que serão publicados com colagens. A informação foi confirmada à reportagem pela sede argentina da editora Siglo XXI, segundo a qual não há título ou data para lançamento.
A editora antecipou que as histórias têm personagens históricos e reconhecidos – o que mantém o livro dentro do viés político que permeou sua escrita -, mas apresentam também figuras anônimas, com as quais Galeano costumava exercitar seu senso de observação do cotidiano.
O autor, que em seus últimos dias tinha dificuldade para reconhecer algumas pessoas, segundo amigos, transitará novamente entre e o realismo e a poesia. Em maio será publicada na Argentina, no México e na Espanha a coletânea “Mujeres”, com textos sobre um dos temas favoritos de Galeano, ao lado da política e o futebol – era um torcedor fanático do Nacional de Montevidéu e um fã de Garrincha.
A morte de Galeano teve forte impacto na Argentina, onde se exilou de 1973 a 1976. Entre os que conviveram com Galeano em sua passagem por Buenos Aires, ficou a imagem de um jovem que adorava beber enquanto falava de literatura, política e mulheres.
“Além de adorar uma taça de vinho e falar de política, Galeano tinha fascinação por cabarés que hoje já não existem. Essa paixão pelas mulheres o acompanhou até o fim”, disse o radialista Marcelo Simon, especialista em música regional argentina que acompanhou Eduardo Galeano em noitadas no centro da capital argentina.
“Falávamos do que ninguém mais falava, da existência de tortura, da falta de liberdade. Ele já tinha escrito As Veias Abertas e parecia seguro do poder de sua palavra. Quando ele chegou por aqui, as pessoas já manifestavam por ele seu amor. Ou seu ódio.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.