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Um ano depois, Itaquerão ainda não funciona como arena multiuso

A principal fonte de receitas do Itaquerão ainda é a arrecadação dos jogos, mesmo após um ano da partida inaugural – na vitória do Figueirense sobre o Corinthians por 1 a 0 em 18 de maio de 2014. O conceito de arena multiuso continua apenas no papel.

As obras do pós-Copa retardaram vendas de camarotes, cadeiras cativas e a utilização total do prédio Oeste, que foi concebido como “shopping center”. Os “naming rights”, que seriam outra fonte importante de recursos, ainda não foram negociados.

A reportagem ouviu pessoas que participaram do projeto inicial e também quem estão envolvidas na busca por novas receitas. Em comum, todos creem que o estádio se pagará desde que gere receitas além da renda dos jogos.

Aumentar a arrecadação total do estádio é necessário porque a partir de julho o clube terá de pagar as primeiras parcelas mensais do empréstimo de R$ 400 milhões do BNDES.

Serão parcelas de R$ 5 milhões pelos próximos 13 anos. O dinheiro do BNDES não foi o único empréstimo tomado para a construção da arena, que teve custo total de R$ 1,084 bilhão.

Até o final de 2014, o fundo que controla o estádio, do qual o Corinthians faz parte, já havia arrecadado cerca de R$ 40 milhões com as rendas (o dinheiro não fica com o clube). Este valor já aumentou graças aos jogos disputados em 2015.

Sucesso de público, o Corinthians levou média de 27 mil torcedores por jogo no Campeonato Paulista. Na Copa Libertadores, competição mais rentável, o estádio teve lotação máxima, cerca de 40 mil, e rendas brutas na casa dos R$ 3 milhões por jogo.

Na concepção da arena, 20% das receitas viriam da bilheteria. O restante seria arrecadado com venda do nome, camarotes, faturamento de bares e restaurantes, lojas, convenções, feiras e até mesmo shows – não no gramado, mas em outras áreas do complexo.

“O estádio será pago, mas talvez necessite um prazo maior. Esse é um problema sério para a construtora, que dá a garantia. Acho que ela deveria estar preocupada”, afirmou o ex-diretor de marketing e ex-vice-presidente Luis Paulo Rosenberg, hoje na Portuguesa. “A arena é viável, não é a Arena da Amazônia. Acho que a Arena Corinthians é a mais viável do Brasil. Mas esses lapsos de receitas precisam ser corrigidos.”

Para Aníbal Coutinho, arquiteto responsável pela obra, não houve progressos no estádio em relação ao jogo inaugural, há um ano, contra o Figueirense, exceto a retirada das arquibancadas provisórias, atrás dos gols, onde agora estão instalados dois telões.

“O estádio não está pronto para gerar receitas com sua total capacidade. O clube tem sido prejudicado. Quem vai ao estádio com frequência não vê mudanças significativas.”

Em nota à reportagem, a Odebrecht, construtora que ergueu a arena, afirmou que as obras pós-Copa seguiram o ritmo previsto e foram realizadas de acordo com o calendário de jogos do Corinthians.

“Foram finalizados alguns detalhes importantes de obras que estavam relativamente atrasadas por causa de problemas como a demora na entrega de materiais e desmanche de obras provisórias exigidas pela Fifa”, informou a construtora.

Atual diretor de marketing do Corinthians, Marcelo Passos assumiu o cargo há quatro meses. Ele afirmou que o estádio foi concebido para ser um polo de entretenimento. E, segundo ele, a arena terá essa condição em breve.

“Quanto tudo estiver pronto o estádio vai rodar bem. O desafio é esse. No prédio Oeste, temos lugar para casamentos, convenções, feiras, shows no lado externo… Queremos que a arena abra às 9 horas e que o torcedor possa ir a um restaurante antes do jogo.”

O primeiro projeto de Passos foi o lançamento das vendas das cadeiras cativas e dos camarotes. Segundo ele, dos 89 camarotes do estádio, 20 foram vendidos. O camarote de valor mais baixo custa R$ 340 mil, dependendo do tempo de contrato.

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