Opinião

Um bom passo para a saúde pública

O governo federal ensaia uma ação que já deveria estar em curso há muito tempo: promover incentivos para que médicos recém formados, principalmente, passem a atuar em áreas geralmente desprezadas, como as periferias das grandes cidades e municípios menores do interior do Brasil.


A medida, que prevê pontuações que se traduzirão em salários melhores, deve beneficiar Guarulhos, uma cidade de grandes dimensões territoriais mas que tem um sistema público de saúde bastante deficiente. Entre outros motivos, um dos principais é justamente a falta de profissionais da área de saúde qualificados e dispostos a enfrentar as dificuldades comuns nos postos mais distantes das regiões centrais.


A Secretaria Municipal de Saúde insiste que o quadro já vem mundando a partir de uma nova política de cargos e salários estabelecida na atual gestão, que estaria promovendo a contratação de médicos para atuarem nas Unidades Básicas de Saúde que enfrentam mais problemas. Entretanto, o número de reclamações de usuários ainda é grande, traduzindo-se em um alto grau de insatisfação da população, principalmente de baixa renda, aquela que mais precisa do atendimento público.


Vale salientar que a falta de médicos é um problema nacional. Além de não existir um número de faculdades suficientes para atender a demanda, os profissionais formados acabam se fixando nos grandes centros, onde há melhores condições de trabalho e salários mais atrativos. Nesse sentido, destaque-se problemas de segurança enfrentados pelos profissionais, devido até a falta de estrutura nos postos, que facilitam a ação de marginais, e também dificuldades de acesso e transportes até estes locais.


Assim, as ações de incentivo não devem se limitar a pagamentos de salários maiores e prêmios. Precisa também cuidar das estruturas físicas dos postos, garantindo condições dignas de trabalho. E isso passa ainda pela motivação – na mesma medida – a outros profissionais da área médica, um quesito que a Prefeitura de Guarulhos deixou a desejar. O atendimento à população só melhorará quando técnicos de enfermagem, enfermeiros, assistentes, entre outros profissionais da saúde, forem igualmente valorizados.

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