Hector P. Valenti (Javier Bardem) está decidido a se tornar uma estrela em Nova York, só que as coisas não saem do jeito que imaginava. É ridicularizado e incompreendido. Seu desejo de se tornar famoso, porém, ganha novas possibilidades quando ele encontra Lilo (Shawn Mendes), um crocodilo que sabe cantar e dançar. Seria essa a chave do sucesso?
Essa é a história de Lilo, Lilo, Crocodilo, filme que chega aos cinemas nesta quinta, 27. Dirigido por Will Speck e Josh Gordon (de A Última Ressaca do Ano), o longa retoma uma receita deixada de lado nos últimos tempos: a de um filme simples, divertido, sem pretensões e que funciona para toda a família, bem no estilo da Sessão da Tarde.
É algo bem diferente do que todos os principais envolvidos haviam feito até então. Speck e Gordon formam uma dupla de cineastas mais focada em comédias extravagantes e cheias de piadas de duplo sentido – A Última Ressaca do Ano, Coincidências do Amor e Escorregando para a Glória. Todas elas de teor muito ácido e com um pé no besteirol.
O que mudou? "Nós somos muito cínicos e isso tende a aparecer nos filmes que fizemos", explica Gordon em entrevista ao site Collider. "No entanto, também somos muito coração e, portanto, estamos sempre procurando essa combinação em nosso trabalho. Acho que com esse filme, especificamente, tem sido interessante porque agora estamos entrando um pouco mais no departamento do coração. Com certeza, foi um bom processo nessa produção."
<b>LEVE E MUSICAL</b>
Outra pessoa que está irreconhecível na tela é Bardem. O astro badalado de filmes como Onde os Fracos Não Têm Vez e Mar Adentro se diverte em cena e mostra facetas até aqui desconhecidas vivendo, como Valenti, o que certamente é o personagem mais leve e musical de toda a sua carreira – talvez na preparação para A Pequena Sereia. "Interpreto um personagem a que não estou acostumado – e também faço coisas como cantar e dançar. Tive um vislumbre disso em Apresentando os Ricardos e também tive a chance de fazer A Pequena Sereia", disse o ator espanhol ao site ScreenRant.
"Não é tão fácil quanto se imagina. Admiro ainda mais qualquer ator que sobe ao palco todas as noites em um musical. Em um filme, você pode repetir várias vezes e não precisa cantar a música inteira. Ainda assim, foi muito difícil. Imagina duas vezes por dia? Uau!"
Com tudo isso em jogo, percebe-se logo como Lilo, Lilo, Crocodilo não é convencional. É um filme, na verdade, movido por paixões. Speck e Gordon contam que já gostavam do livro que inspirou a história, escrito por Bernard Waber, e se empenharam bastante para conseguir os direitos da obra – que, depois da morte do autor, ficaram nas mãos de vários herdeiros.
Depois disso, a realização do filme em si não foi fácil: tiveram de encontrar a voz perfeita para Lilo, aprenderam na marra a fazer um musical e, principalmente, aprenderam a lidar com os desafios de criar um personagem em computação gráfica. "Tivemos de escalar montanhas, mas o elemento musical foi emocionante de ser feito", contextualiza Speck.
<b>SHAWN MENDES</b>
Bardem, enquanto isso, não interagiu quase nada com Shawn Mendes, a estrela musical que dá voz a Lilo. Ele lidava, na verdade, com a imaginação. "Era um colega ator, vestido com cabos e luzes, que era alto. Então eu olhava para ele, mas você não pode olhar para os olhos dele, tem de olhar para os olhos do crocodilo, que são diferentes. Tivemos de parar algumas tomadas por estar olhando, naturalmente, para os olhos do ator, não para os olhos do crocodilo. Era preciso olhar para o vazio", diz o ator. "No final do dia, o que você precisa fazer é deixar seu eu interior, sua criança interior, sair e brincar livremente."