Quem não gostaria de ter uma oportunidade de observar como era uma cidade brasileira, mais de 150 anos atrás? Pois bem, esta oportunidade existe porque foi criada por um bem-humorado viajante francês, de espírito aventureiro: Laurent Saint-Cricq.
Em agosto de 1847, quando desembarcou em Belém do Pará, ele tinha 32 anos de idade, e, acabara de atravessar, a América do Sul, “em sucessivas e demoradas viagens de exploração”, conforme registra seu tradutor para a língua portuguesa, o antropólogo Antônio Porro.
Àquela altura, Laurent passara a metade de sua existência em deslocamentos complicados. Desde os 16 anos de idade, viajava para lugares remotos. Inicialmente, para ajudar o pai, comerciante abastado. Depois, quando se convenceu que não tinha interesse pelo comércio, para produzir textos como jornalista.
Laurent era um profissional completo. Podia, se quisesse, ilustrar seus trabalhos com desenhos próprios. Uma aptidão que o ajudou também a fazer crítica de arte.
Sua ida a Belém do Pará decorreu do modo como levava a vida. A viagem foi provocada por uma aposta feita com um amigo, que viajava até mais do que ele porque comandava um navio. Laurent quis provar que poderia chegar a Belém e se casar com a filha de um rico negociante, que seu amigo havia conhecido. Antes que o próprio comandante fizesse isto. Embora Laurent não tivesse idéia de quem era aquela moça.
Para vencer a aposta, havia atravessado o continente sul-americano partindo do litoral do Peru, nos meados de 1846.
Hoje, podemos ver como era o Norte do país, em 1847 porque Laurent contou sua aventura no Pará, num livro intitulado “Voyage a travers l´Amerique du Sud l´Ocean Pacifique à l’ Ocean Atlantique”. Ele o ilustrou com seus desenhos de lugares, prédios e pessoas.
A visão de Belém Laurent registrou no livro, com a paz de quem alcançou seu objetivo, como ele mesmo assinalou. Qualquer pessoa, hoje, pode saber o que ele viu porque, depois de republicado em português pela editora da Universidade Federal do Amazonas, com o título de “Viagem pelo Rio Amazonas”, o livro foi postado na Biblioteca Virtual do Amazonas. Lá, deve ser procurado pelo pseudônimo de Laurent, Paul Marcoy.