Quem achava que leis de mercado são pouco efetivas para aumentar a competição e baixar preços de automóveis no Brasil, pode colocar as barbas de molho. O cenário atual de rápida recuperação das vendas, que acumularam 21% de crescimento no primeiro quadrimestre de 2018 frente ao mesmo período de 2017, não impediu a expansão de promoções. Bônus e outras vantagens indiretas (gratuidade de despesas obrigatórias e primeiras revisões; períodos adicionais de garantia) também responderam pelo menor desembolso direto ou indireto ao comprar um modelo novo.
Como houve drástica queda de vendas de quase 50%, entre 2013 e 2016, carros vendidos no período e hoje considerados seminovos estão escassos. Por esse motivo as concessionárias vêm dando preferência em descontos para quem coloca na negociação um veículo seminovo.
A situação atual se deu pelo acirramento de concorrência entre as marcas, chegada de novos modelos e urgência em diminuir a capacidade instalada ociosa. Este cenário veio para ficar e nada indica mudanças nos próximos anos.
O prejuízo financeiro acumulado por quase todas as marcas só não foi maior porque o preço médio de modelos comercializados subiu de patamar. Quem continuou a comprar nos anos de recessão tinha bom poder aquisitivo para escolher modelos mais caros e completos, às vezes com todos os opcionais possíveis.
Um dos fenômenos de mudança de comportamento foi o avanço dos SUVs, mas nada se compara à contínua aceitação dos câmbios automáticos e automatizados. Em modelos na faixa de R$ 80.000 a participação supera, hoje, 70% e chega quase a 100% acima de R$ 100.000.
Estudo da FCA projeta que, em quatro anos, no máximo 45% da totalidade de modelos comercializados internamente continuarão com câmbio manual. Isso em período de aceleração de vendas e da volta de compradores de menor renda sem condições aparentes de pagar R$ 6.000, em média, por um automático.
Levantamento, por parte da filial brasileira da consultoria inglesa Jato, revelou avanços surpreendentes, de 2008 a 2018, de vários equipamentos antes considerados caros ou sofisticados. A evolução no período apontou as diferenças entre os 10 modelos mais vendidos no Brasil ao longo daquele período:
Controle de estabilidade (ESC) de 0% para 40%; direção assistida, 52%/100%; travas elétricas, 23%/100%; ar-condicionado, 17%/100%; vidros elétricos, 20%/99%; conexão USB, 8%/89%; Bluetooth, 3%/88%; espelhamento para celulares, 0%/46%; rodas de liga leve, 20%/55%; rodas de aro 15 pol., 15%/55%; controle de velocidade de cruzeiro, 0%/30%; revestimento em couro (legítimo ou imitação), 0%/25%, GPS, 0%/20%.
Fenômeno ainda mais impressionante: em 2008 nenhum modelo entre os 10 mais comercializados no Brasil saía de fábrica com câmbio automático ou automatizado. Hoje, o manual alcança apenas 55%.
Em suma, o mercado mudou, porém haverá espaço para todos os segmentos de compradores, inclusive de automóveis mais básicos. Com a diferença que o básico de hoje é mais equipado que o do passado recente e o seu preço médio continuará inferior ao de variação da inflação.
RODA VIVA
AMÉRICA Latina terá capítulo mais aprofundado no plano de negócios mundiais 2018-2022, da FCA, a ser anunciado em 1º de junho próximo, em Balocco, Itália. Será o último planejamento antes da aposentadoria de Sergio Marchionne, em março de 2019. Seu sucessor, apesar das especulações sobre nomes, não será anunciado neste evento.
ANTONIO Filosa, novo CEO da FCA para América Latina, mostrou entusiasmo sobre o programa Rota 2030. Para ele, o melhor conjunto de diretrizes governamentais do mundo, quando aprovado. Quanto à Fiat, prevê atualização do Uno, possível versão aventureira do Argo e motores de 1 litro só com três cilindros. Picape RAM 1500 é estudada também. Sobre Alfa Romeo, improvável a volta ao Brasil.
FONTES da coluna preveem que o Grupo CAOA, até o final do ano, chegará a um acordo para a própria Hyundai assumir importações da sua marca. Produção em Anápolis (GO) do novo Tucson e ix35 também deve parar em prazo mais longo, a definir. Nova fábrica da sul-coreana seria construída na Argentina para equilibrar seu comércio bilateral dentro do Mercosul.
VIRTUS, sedã compacto anabolizado da VW, tem estilo discreto e acabamento com materiais simples. Em troca oferece amplo espaço para pernas no banco traseiro e alto nível de segurança. Acelerações do motor 1-litro turbo são convincentes, porém saída em baixa velocidade do câmbio automático é brusca demais. Motor 1,6 L (câmbio manual), silencioso em cidade; na estrada, há ruído de aspiração ao acelerar.
ESTAMOS em pleno Maio Amarelo, mês focado no trânsito seguro, e o Contran decidiu interromper – provisoriamente, acredita-se – obrigatoriedade do mecanismo adicional para evitar levantamento da caçamba de caminhões basculantes com veículo em movimento. Atendeu pleito absurdo de alguns caminhoneiros: eles dizem não encontrar o equipamento.
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[email protected] e www.facebook.com/fernando.calmon2
Quem achava que leis de mercado são pouco efetivas para aumentar a competição e baixar preços de automóveis no Brasil, pode colocar as barbas de molho. O cenário atual de rápida recuperação das vendas, que acumularam 21% de crescimento no primeiro quadrimestre de 2018 frente ao mesmo período de 2017, não impediu a expansão de promoções. Bônus e outras vantagens indiretas (gratuidade de despesas obrigatórias e primeiras revisões; períodos adicionais de garantia) também responderam pelo menor desembolso direto ou indireto ao comprar um modelo novo.
Como houve drástica queda de vendas de quase 50%, entre 2013 e 2016, carros vendidos no período e hoje considerados seminovos estão escassos. Por esse motivo as concessionárias vêm dando preferência em descontos para quem coloca na negociação um veículo seminovo.
A situação atual se deu pelo acirramento de concorrência entre as marcas, chegada de novos modelos e urgência em diminuir a capacidade instalada ociosa. Este cenário veio para ficar e nada indica mudanças nos próximos anos.
O prejuízo financeiro acumulado por quase todas as marcas só não foi maior porque o preço médio de modelos comercializados subiu de patamar. Quem continuou a comprar nos anos de recessão tinha bom poder aquisitivo para escolher modelos mais caros e completos, às vezes com todos os opcionais possíveis.
Um dos fenômenos de mudança de comportamento foi o avanço dos SUVs, mas nada se compara à contínua aceitação dos câmbios automáticos e automatizados. Em modelos na faixa de R$ 80.000 a participação supera, hoje, 70% e chega quase a 100% acima de R$ 100.000.
Estudo da FCA projeta que, em quatro anos, no máximo 45% da totalidade de modelos comercializados internamente continuarão com câmbio manual. Isso em período de aceleração de vendas e da volta de compradores de menor renda sem condições aparentes de pagar R$ 6.000, em média, por um automático.
Levantamento, por parte da filial brasileira da consultoria inglesa Jato, revelou avanços surpreendentes, de 2008 a 2018, de vários equipamentos antes considerados caros ou sofisticados. A evolução no período apontou as diferenças entre os 10 modelos mais vendidos no Brasil ao longo daquele período:
Controle de estabilidade (ESC) de 0% para 40%; direção assistida, 52%/100%; travas elétricas, 23%/100%; ar-condicionado, 17%/100%; vidros elétricos, 20%/99%; conexão USB, 8%/89%; Bluetooth, 3%/88%; espelhamento para celulares, 0%/46%; rodas de liga leve, 20%/55%; rodas de aro 15 pol., 15%/55%; controle de velocidade de cruzeiro, 0%/30%; revestimento em couro (legítimo ou imitação), 0%/25%, GPS, 0%/20%.
Fenômeno ainda mais impressionante: em 2008 nenhum modelo entre os 10 mais comercializados no Brasil saía de fábrica com câmbio automático ou automatizado. Hoje, o manual alcança apenas 55%.
Em suma, o mercado mudou, porém haverá espaço para todos os segmentos de compradores, inclusive de automóveis mais básicos. Com a diferença que o básico de hoje é mais equipado que o do passado recente e o seu preço médio continuará inferior ao de variação da inflação.
RODA VIVA
AMÉRICA Latina terá capítulo mais aprofundado no plano de negócios mundiais 2018-2022, da FCA, a ser anunciado em 1º de junho próximo, em Balocco, Itália. Será o último planejamento antes da aposentadoria de Sergio Marchionne, em março de 2019. Seu sucessor, apesar das especulações sobre nomes, não será anunciado neste evento.
ANTONIO Filosa, novo CEO da FCA para América Latina, mostrou entusiasmo sobre o programa Rota 2030. Para ele, o melhor conjunto de diretrizes governamentais do mundo, quando aprovado. Quanto à Fiat, prevê atualização do Uno, possível versão aventureira do Argo e motores de 1 litro só com três cilindros. Picape RAM 1500 é estudada também. Sobre Alfa Romeo, improvável a volta ao Brasil.
FONTES da coluna preveem que o Grupo CAOA, até o final do ano, chegará a um acordo para a própria Hyundai assumir importações da sua marca. Produção em Anápolis (GO) do novo Tucson e ix35 também deve parar em prazo mais longo, a definir. Nova fábrica da sul-coreana seria construída na Argentina para equilibrar seu comércio bilateral dentro do Mercosul.
VIRTUS, sedã compacto anabolizado da VW, tem estilo discreto e acabamento com materiais simples. Em troca oferece amplo espaço para pernas no banco traseiro e alto nível de segurança. Acelerações do motor 1-litro turbo são convincentes, porém saída em baixa velocidade do câmbio automático é brusca demais. Motor 1,6 L (câmbio manual), silencioso em cidade; na estrada, há ruído de aspiração ao acelerar.
ESTAMOS em pleno Maio Amarelo, mês focado no trânsito seguro, e o Contran decidiu interromper – provisoriamente, acredita-se – obrigatoriedade do mecanismo adicional para evitar levantamento da caçamba de caminhões basculantes com veículo em movimento. Atendeu pleito absurdo de alguns caminhoneiros: eles dizem não encontrar o equipamento.
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