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Um quilombo em Palmares que despertou a Consciência Negra

No longíquo ano de 1695 ocorria a morte de Zumbi dos Palmares, considerado líder do Quilombo dos Palmares.

Anos depois, o fato foi considerado um marco para a instituição da data de 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra, uma lembrança da resistência dos negros à escravidão.

Apesar de não aceita como feriado em muitas cidades do Brasil, entre elas Guarulhos, a data visa motivar a reflexão da inserção do negro na sociedade brasileira e também extinguir o preconceito racial. A data também representa um marco mais incisivo que a Abolição da Escravatura, em 13 de maio, já que a data remete mais à Princesa Isabel, idealizadora do feito, do que aos negros e escravos.

Em Guarulhos, hoje acontece a Marcha da Consciência Negra, com concentração às 8h30 na Praça do Estudante, no Centro. Os participantes poderão trocar 1 kg de alimento não perecível (exceto farinha, sal e açúcar) por uma camiseta personalizada do evento. No Adamastor Macedo, a partir das 13h, acontece o 1° Festival de Artes e Cultura Negra. E o dia será encerrado com um show de Leci Brandão, às 19h, também no Adamastor Macedo.

Palmares – Localizado no interior da Bahia, o Quilombo dos Palmares era uma comunidade auto-sustentável composta por ex-escravos negros, que haviam conseguido fugir das mãos dos exploradores. O foco de resistência tinha uma área total comparada ao território de Portugal e era composta por aproximadamente 30 mil negros.

Grande estrategista e com visão de liderança, Zumbi cresceu sob os ensinamentos de um missionário português, mas fugiu ao completar quinze anos. Com muita habilidade na luta, Zumbi tornou-se referência no Quilombo ainda bem novo.
Conflitos – Quando Zumbi completou 23 anos de idade, o líder do Quilombo, seu tio Ganga Zumba, recebeu uma proposta de paz da Capitania de Pernambuco, para cessar os conflitos do governo com o foco de resistência. Um ano antes, um conflito resultou em 47 escravos sendo feitos prisioneiros, entre eles dois filhos de Ganga Zumba, e ferindo o líder do Quilombo.

No ano seguinte, a oferta feita previa que o Quilombo dos Palmares teria direito à liberdade aos escravos fugidos em troca da submissão à Coroa Portuguesa e da mudança dos quilombolas para o Vale do Cucaú. Ganga Zumba aceitou o acordo, mas Zumbi não concordou com a decisão do primeiro líder dos Palmares.

A discordância fez com que Ganga Zumba fosse envenenado por um integrante do grupo de Zumbi e este assumisse a liderança do Quilombo.

De certa forma, Zumbi dos Palmares tinha razão, pois os quilombolas que aceitaram a mudança para o Vale do Cucaú foram reescravizados pelos portugueses, enquanto Zumbi mantinha a resistência em Palmares.

Luta e morte – O novo líder do Quilombo dos Palmares reorganizou os negros da comunidade e montou um verdadeiro ferrolho, no qual os colonizadores não conseguiam entrar para acabar com o foco de resistência.

Zumbi permaneceu 15 anos à frente do grupo, mas a chegada de Domingos Jorge Velho, um bandeirante paulista, foi o estopim para a fim do Quilombo. No ano de 1694, Palmares foi invadida e Zumbi foi ferido, mas sobreviveu. Porém, o líder quilombola foi traído por um integrante de seu grupo e, foragido com cerca de 20 guerrilheiros, foi morto em 1695 pelo Capitão Furtado de Mendonça no dia 20 de novembro.

Só a morte não bastava. Zumbi teve a cabeça cortada e exposta em praça pública na capital de Pernambuco, em Recife. A macabra exposição visava acabar com uma crença popular que dizia que Zumbi dos Palmares era imortal.
Segundo o governador pernambucano Caetano de Melo e Castro, a exposição visava satisfazer os ofendidos e atemorizar os negros que criam que Zumbi era imortal.


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