Opinião

Uma cidade de desigualdades

No momento em que os governos federal e estadual, que vestem cores partidárias opostas, se sentam do mesmo lado da mesa com o objetivo de erradicar a miséria no país, vale voltar os olhos para Guarulhos, uma cidade com marcantes desigualdades sociais. Ao mesmo tempo em que o município, nos mais diferentes bairros, assiste a um grande avanço imobiliário, com uma série de empreendimentos de médio e alto padrão, que indicam novos moradores com bom poder aquisitivo, os índices de pobreza ainda são marcantes.


Conforme reportagem publicada no final de semana pelo HOJE, Guarulhos conta atualmente com 53 mil famílias em situação de extrema pobreza. São mais de 200 mil habitantes que sobrevivem com menos de R$ 70 durante todo um mês. Geralmente, vivem em habitações precárias, não têm acesso a programas sociais, encontram dificuldades para obter atendimento médico e, em muitos casos, as crianças ficam longe das escolas.


Os índices mais do que negativos fazem parte de estatísticas realizadas pelo IBGE. O IDHM (Índice de Desenvolvimento Humano Municipal) de Guarulhos, numa escala entre 0 e 1, em que 1 revela alto grau de desenvolvimento e zero nenhum, nosso município figura com 0,797, um milésimo pior do registrado dois anos antes, o que revela uma estabilidade, que – no final das contas – significa andar para trás. Municípios da Grande São Paulo aparecem em posições bem melhores. Osasco, por exemplo, tem 0,818; São Bernardo, 0,834 e Santo André, 0,836.


Apesar de não haver parâmetros para se comparar a São Caetano, que se classifica como  um dos melhores do país, com seus 0,919, o poder público local deveria sim mirar nessas cidades de ponta, com o objetivo de sair desse subdesenvolvimento. Não dá para deitar em berço explêndido apenas por Guarulhos figurar entre as 10 maiores economias do país.


Isso de pouco adianta se não houver melhor distribuição de renda, a partir de políticas que priorizem quem mais precisa. Com o boom imobiliário que vive Guarulhos, a tendência é que novos habitantes com melhores condições de vida passem a habitar o município, o que – em tese – poderá melhorar os índices em um futuro próximo. Porém, é fundamental que aqueles que vivem em extrema pobreza tenham oportunidades para melhorar seus padrões de vida.

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