Estadão

Uma das vozes mais confiáveis e distintas, diz George Bush sobre Kissinger

Para uns, um estadista e líder político mundial, elogiado como um hábil defensor dos interesses dos EUA. Para outros, um criminoso de guerra que deixou danos duradouros em todo o mundo. Essa foi a reação polarizada que se seguiu à morte do ex-secretário de Estado dos EUA Henry Kissinger.

Kissinger morreu em sua casa no Estado americano de Connecticut, a causa não foi divulgada e o enterro será nesta quinta-feira, 30, será reservado para a família e, depois, uma cerimônia aberta ocorre em Nova York.

"Os Estados Unidos perderam uma das vozes mais confiáveis e distintas" nas relações exteriores, disse o ex-presidente George W. Bush, em um tom que muitas autoridades de alto nível, do passado e do presente, tentaram transmitir.

"Há muito tempo admiro o homem que fugiu dos nazistas ainda menino, de uma família judia, e depois lutou contra eles no Exército dos Estados Unidos", disse Bush em um comunicado. "Quando, mais tarde, ele se tornou Secretário de Estado, sua nomeação como ex-refugiado disse tanto sobre sua grandeza quanto sobre a grandeza dos Estados Unidos."

Kissinger serviu a dois presidentes, Richard Nixon e Gerald Ford, e dominou a política externa quando os Estados Unidos se retiraram do Vietnã e estabeleceram laços com a China comunista.

Outro ex-secretário de Estado, Mike Pompeo, disse que Kissinger deixou uma marca indelével na história americana e mundial. "Sempre serei grato por seus conselhos e ajuda graciosos durante meu próprio período como secretário", Pompeo tuitou em X. "Sempre apoiando e sempre informado, sua sabedoria me tornou melhor e mais preparado após cada uma de nossas conversas."

As críticas a Kissinger, que recebeu o Prêmio Nobel da Paz, foram especialmente fortes nas mídias sociais, onde muitos postaram vídeos comemorativos em reação à sua morte. Uma manchete da revista <i>Rolling Stone</i> tratava Kissinger como "criminoso de guerra".

Kissinger exerceu uma influência incomum em assuntos globais muito após deixar o cargo. Em julho, por exemplo, ele se encontrou com o líder chinês Xi Jinping em Pequim, enquanto as relações entre os EUA e a China estavam em um ponto baixo.

Kissinger é reverenciado na China por planejar a abertura das relações entre o Partido Comunista no poder e Washington durante o governo de Nixon.

Kissinger iniciou as negociações de Paris que, em última análise, proporcionaram um meio de salvar a face para tirar os Estados Unidos de uma guerra dispendiosa no Vietnã.

"Kissinger desempenhou um papel importante na abertura histórica para a República Popular da China e no avanço da descompressão com a União Soviética, iniciativas ousadas que deram início ao começo do fim da Guerra Fria. Sua "diplomacia de vaivém" para o Oriente Médio ajudou a promover o relaxamento das tensões nessa região conturbada do mundo", disseram as filhas de Nixon em um comunicado. Fonte: Associated Press.

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