Opinião

Uma entrevista de quem não tem nada a dizer

A tão anunciada como bombástica entrevista da ex-primeira dama Rosane Collor, ao programa Fantástico, na Globo, no último domingo, não passou de um desfile de declarações repetidas que soaram mais como um desabafo de uma mulher ressentida que quer tirar dinheiro do ex-marido. O ex-presidente Fernando Collor de Mello, hoje senador aliado ao governo federal, nunca foi flor que se cheirasse. Assim, as declarações de sua ex-mulher não trouxeram nada de novo ao mundo político, principalmente a quem acompanhou de perto todo o movimento que levou ao impeachment de Collor.


Seria bombástica a entrevista caso Rosane contasse novidades dos bastidores da Casa da Dinda, no período em que ela foi parte integrante do esquema de corrupção. Dizer que o ex-marido realmente mantinha relações próximas com Paulo Cesar Farias ou que ele promovia rituais de magia negra em sua residência para se manter no poder são assuntos que já foram mais do que explorados. Apenas servem como pano de fundo para ilustrar o que determinados políticos fazem para se perpetuar no poder.


Talvez Rosane pudesse ter revelado que o ex-marido, ainda quando presidente, tinha planos de um dia vir a se aliar com aqueles que foram fundamentais para que deixasse o poder, como o PT de Lula, o arquirrival de outrora e grande aliado de agora. Mas não. Nenhuma palavra sobre isso. Apenas ataques que revelam uma vontade louca de vender um livro em que promete revelar o mais do mesmo e nada mais.


Felizmente, a reportagem nenhum pouco bombástica como fora anunciado conseguiu mostrar que Rosane hoje é movida por dinheiro. Ela não está satisfeita com os R$ 18 mil mensais que recebe de pensão alimentícia, valor – segundo ela – muito inferior ao que suas amigas “que nunca foram casadas com um ex-presidente ou senador da República” ganham de seus ex. Lamentável.


A única explicação plausível para a entrevista seria algum outro interesse de alguma das partes envolvidas que não ficou tão explícito neste momento, mas que pode vir à tona a qualquer momento.

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