Se há uma palavra que defina a nova edição do Festival do Rio, que começa nesta quinta, 6, e se prolonga até domingo, 16, é reconexão. Após os percalços dos últimos anos, o festival prepara-se para um recomeço, graças a um novo patrocinador, a Shell, e ao empenho da Prefeitura do Rio.
A diretora artística do evento, Ilda Santiago, destaca dois aspectos carregados de simbolismo: "Estamos voltando esta noite ao Cine Odeon, na Cinelândia, e em Copacabana vão voltar as sessões ao ar livre. Queremos reconectar o público com a aventura maravilhosa que é ver os filmes na tela grande dos cinemas".
Serão 15 salas espalhadas pelo Rio. Vão apresentar, nos próximos dez dias, 70 curtas e longas nacionais na bandeira da Première Brasil, mais 120 títulos que também representam o melhor do cinema mundial. A par de todas as novidades, o festival comemora os 60 anos de dois clássicos do cinema brasileiro. Em 1962, chegaram às telas O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, e O Assalto ao Trem Pagador, de Roberto Farias. "Dois Pagadores", brinca Ilda. "Estamos pagando nosso tributo ao melhor cinema brasileiro. A Première Brasil, nesses anos todos, virou a grande vitrine da produção nacional. Temos compromisso com o novo, mas também com o resgate da nossa memória. É isso que queremos celebrar."
<b>CINEMA NOVO</b><b></b>
O Pagador de Promessas venceu a Palma de Ouro e permanece como o único filme brasileiro a ganhar o prêmio maior do Festival de Cannes. O Assalto ao Trem Pagador, baseado numa história real, foi um memorável sucesso de público. E ambos os filmes pavimentaram o caminho para a eclosão do Cinema Novo em Cannes, em 1964, com Glauber e seu Deus e o Diabo na Terra do Sol e Nelson Pereira dos Santos com Vidas Secas.
Toda a programação do Festival do Rio pode ser consultada na página da internet e nas redes sociais do evento. Paralelamente, haverá o RioMarket, com sua pauta de tecnologia e mercado.
De maneira bem particular, o festival apresenta uma extensa programação de filmes sobre música. "Estamos precisando de alegria em nossos corações", diz Ilda. O filme de abertura, no Odeon, é também uma escolha simbólica. "Império da Luz, de Sam Mendes, é uma celebração da sala de cinema. O filme mostra, inclusive, como é difícil manter esses verdadeiros templos de cinema, de que o Odeon também é exemplo." O festival, Ilda conclui, "é o nosso abraço à cidade".
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>