O ministro da Fazenda, Guido Mantega, anunciou um corte de R$ 55 bilhões no Orçamento da União neste ano. A notícia, a princípio, poderia causar grande espanto, já que – em ano eleitoral – , geralmente, o governo costuma ficar mais solícito às demandas de estados e municípios, que querem porque querem agradar o eleitorado. Mas, mesmo assim, apesar do corte bilionário, o Planalto irá gastar em 2012 bem mais do que 2011. E não há mágicas. É que o governo faz um orçamento já calculando que o contribuinte vai mandar mais dinheiro para o poder público, já que a arrecadação aumentará. Quando é enviado para o Congresso, os parlamentares – no afã de mostrar serviços às suas bases – tratam de encher de emendas, sempre muito comemoradas, logo que recalculam a receita para cima.
Nesse cálculo, realizado no vazio a partir de projeções que quase nunca se efetivam. são criadas as despesas extras. Na correria do fim de ano, para que todos entrem em férias, o Orçamento da União acaba, invariavelmente, aprovado a toque de caixa, a partir de acordos que envolvem tantos os governistas com toda a oposição. Quando tudo volta para o Governo, a morte anunciada: os inevitáveis cortes.
Desta forma, mesmo com o enxugamento de R$ 55 bilhões, o governo gastará em 2012 mais do que gastou no ano anterior (R$ 85 bilhões). Haverá aumento real nas despesas de quase 6%, já descontada a inflação. Isso significa que ele está contando que a arrecadação realmente aumentará.
No ano passado, os contribuintes pagaram R$ 1 trilhão em impostos federais. Especialistas na área fiscal indicam, porém, que dos R$ 55 bilhões que o governo disse que vai cortar, R$ 20 bilhões são despesas obrigatórias que não podem ser cortadas. Ou seja, a conta pode não fechar.
É que os economistas entendem, diante do quadro de recessão que se pinta em vários países, principalmente da Europa, ocorram sim reflexos no Brasil. Assim, neste ano a arrecadação no Brasil pode não ser tão “boa” como no ano passado, ou seja, o país deve arrecadar menos. Desta forma, se o governo não arrecadar tudo o que está prevendo, a situação ficará pior. Aí o pior cenários. Sobrarão cortes nos investimentos, como sempre. Mexerão justamente onde nunca deveriam cortar.