Apesar da importância econômica, Guarulhos carece de cursos superiores públicos que atendam as reais necessidades da população, assim como das empresas do município, muitas vezes obrigadas a buscar mão de obra qualificada fora daqui. Neste sentido, é fácil identificar erros crassos por parte daqueles que nunca realizaram qualquer planejamento educacional, no sentido de oferecer à população disciplinas voltadas às verdadeiras vocações locais.
Guarulhos recebeu na década passada um campus da Universidade Federal de São Paulo, a Unifesp, que se instalou na região dos Pimentas. O que poderia ser uma conquista para a população da cidade, já que se tratava de um antigo pleito da sociedade, acabou se configurando como apenas um palanque, sem resultados palpáveis. E tudo começa por uma visão míope sobre as reais necessidades e vocações de Guarulhos.
Sem desmerecer os cursos da Unifesp dos Pimentas, todos necessários e importantes para a formação profissional, Guarulhos precisava muito mais do que Pedagogia, História e Filosofia. Além de terem um mercado de trabalho restrito no município, são cursos que fogem à realidade e ambições dos guarulhenses. Tanto que, logo após o primeiro vestibular, foi possível notar que a Unifesp atraiu muitos estudantes de outros municípios, numa clara demonstração do erro cometido ali. Isso sem contar a falta de estrutura para acolher alunos.
Era de se esperar que uma universidade pública federal pudesse oferecer áreas mais ligadas à identidade do município, que tem o maior aeroporto da América Latina. Porém, nada de cursos ligados ao comércio exterior ou logística. Por que não oferecer cursos que visem os avanços tecnológicos do mundo atual? Ou então, um curso de medicina, já que está perto de um hospital municipal, carente de médicos e profissionais da área de saúde, e que não atende a população como deveria?
Ou seja, os responsáveis pela vinda da Unifesp visaram mais os interesses próprios do que da sociedade. Hoje, temos um campus que vive em desacordo com a realidade. Os administradores que visam apenas os companheiros de partido demonstram que não entendem nada de planejamento, também na área de ensino superior.
Guarulhos precisa muito mais. E é isso que defendemos ao exigir do governo federal, inclusive com uma visita ao reitor da instituição nesta semana, que reveja o papel da Unifespe em nosso município. No entanto, como tudo nesse governo, a resistência por mudanças voltadas aos interesses da sociedade é flagrante.
Carlos Roberto de Campos
Empresário, deputado federal e presidente do Diretório Municipal do PSDB, escreve às sextas-feiras.