Estadão

Ursos estão morrendo de fome no Japão por falta de salmão nos rios

Imagens capturadas de um barco turístico no Japão na semana passada mostraram um urso magro revirando pedras e mexendo em algas marinhas buscado por comida. O vídeo chamou a atenção para a crise predatória que a espécie tem vivido na costa leste da Península de Shiretoko, onde não há mais salmão para alimentar os ursos. As informações são do portal Asahi Shimbun.

A região, que é Patrimônio Natural Mundial da Unesco, tem uma das populações mais densas de urso pardo em todo o mundo, com cerca de 500 animais desta espécie vivendo lá. O consumo de salmão-rosado é uma das principais formas de alimentação dos ursos, especialmente entre agosto e outubro, no período de desova.

Este ano, porém, os ursos que antes esperavam o salmão-rosado eclodir nos rios de Hokkaido, estão sendo forçados a ir até o mar em busca de comida. "Alguns ursos ficaram muito magros e estão passando por momentos difíceis", disse Katsuya Noda, que opera o cruzeiro, ao Asahi Shimbun. "Não há peixes nos rios, tal como no ano passado."

Uma das explicações para isso é o aumento de temperatura da água do mar. Com a água mais quente do que o normal, o salmão não consegue desovar. Muitos deles também morrem como consequência das temperaturas. A situação dos ursos-pardos se agrava com uma baixa colheita de frutos e sementes na região.

"Este ano, além da falta de salmão, as bolotas também tiveram uma colheita fraca", disse Masami Yamanaka, investigador da Shiretoko Nature Foundation, ao Asahi. "Estima-se que 70 a 80% dos filhotes nascidos este ano estão mortos. É realmente uma situação séria."

Em paralelo, cidades da região tem flagrado com mais frequência ursos pardos em ambientes urbanos. "Nos últimos anos, o número de incidentes deste tipo tem rondado os 4 a 8 (episódios), mas este ano sabe-se que há falta de comida para os ursos pardos, e pensa-se que isso esteja relacionado com o aumento do número deles em áreas urbanas", diz um relatório da Shiretoko Nature Foundation.

Em 2023, a fundação registrou o maior número de avistamentos do animal dentro de cidades desde 2018. Desde março, ursos foram vistos pelo menos uma vez por mês, com exceção de maio, tendo uma crescente desde agosto, coincidindo com o período de escassez de peixe nos rios.

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