O Uruguai entrou nesta Copa do Mundo com a meta de exibir um futebol mais ofensivo e de maior toque de bola, olhando para o futuro. Mas a velha garra e o sofrimento até o último instante voltaram a marcar a seleção sul-americana em sua estreia na Copa do Mundo da Rússia. Foi com um gol suado, aos 44 minutos do segundo tempo, que os uruguaios venceram por 1 a 0 o Egito, desfalcado de Mohamed Salah, nesta sexta-feira, pelo Grupo B.
O zagueiro Jose Maria Gímenez foi o salvador do Uruguai em Ecaterimburgo ao marcar, de cabeça, o gol da vitória numa partida marcada pela fraca atuação da equipe. E pelas chances desperdiçadas por Luis Suárez – foram três oportunidades claras. Ao mesmo tempo, Edinson Cavani brilhou na armação e passes para finalizações do companheiro.
Diante de um Egito que sonhava com a primeira vitória numa Copa, o Uruguai oscilou entre o passado e o presente. Ora partia para o ataque com até quatro homens, ora recuava e armava uma retranca como se estivesse enfrentando um poderoso ataque. O time uruguaio vivia uma crise tática: os meias queriam o ataque, mas os volantes não acompanhavam.
Sorte da equipe sul-americana que os egípcios não aproveitaram as brechas entre as linhas mais ofensivas. Pesou, neste sentido, a ausência de Salah. O grande astro do Egito, uma das maiores estrelas da última temporada europeia, nem entrou em campo. Ele foi poupado para estar 100% para o próximo jogo, em seu processo de recuperação de uma lesão no ombro esquerdo.
Com o resultado, a Rússia lidera a chave, com três pontos. O Uruguai aparece em segundo lugar, com a mesma pontuação, mas menor saldo de gols. O Egito é o terceiro colocado, seguido da Arábia Saudita, que levou uma goleada de 5 a 0 dos anfitriões na quinta-feira, no jogo de abertura do Mundial.
O JOGO – Diante de lugares vazios em trechos nobres das arquibancadas, o Uruguai tentou aproveitar a cautela inicial do Egito para assumir rapidamente o controle do jogo. Cavani e Suárez tiveram chances nos primeiros minutos. Mas o time egípcio não ficou para trás. Levou perigo, aos 10, com Trezeguet.
Ao longo do primeiro tempo, a seleção sul-americana oscilou entre partir para cima e se fechar na defesa. A partir dos 20 minutos, o Uruguai parecia decidir pela postura mais ofensiva. Empurrava o Egito para a defesa, sem impedir necessariamente que o rival levasse certo perigo em contra-ataque.
Nesta toada, aos 23, Suárez perdeu chance incrível. Após cobrança de escanteio na área, o atacante do Barcelona bateu rasteiro na segunda trave, quase sem marcação. A bola acertou a rede por fora. Torcedores uruguaios chegaram a comemorar no estádio. Mas, logo em seguida, o time uruguaio recuava, cedendo espaço para as investidas egípcias.
Entre buscar o ataque e voltar para a retranca, os volantes uruguaios não acompanhavam o ataque, abrindo brecha entre as duas linhas, na intermediária. Assim, o Egito teve ao menos três boas chances para marcar, sem sucesso. Com Salah em campo, o placar poderia ter sido diferente.
Na volta para o segundo tempo, o Uruguai teve grande chance para abrir o placar. Antes de completar um minuto, Cavani deu belo passe em enfiada para Suárez, que dominou pela direita e bateu na saída do goleiro. El Shennawy salvou.
Mas logo o time sul-americano retomou o ritmo lento e as dificuldades na transição da defesa para o meio-campo. Antes de completar 15 minutos da etapa final, o técnico Oscar Tabárez fez duas mudanças na equipe e colocou Carlos Sánchez e Cristian Rodríguez para dar maior mobilidade ao meio-campo uruguaio.
Pouco mudou na equipe sul-americana. Cavani e Suárez seguiam isolados no ataque, trocando assistências, um para o outro. Numa delas, o atacante do Paris Saint-Germain deu mais um belo passe para nova chance desperdiçada pelo companheiro, aos 27. Suárez, cara a cara com o goleiro, tentou fazer um último drible e parou em El Shennawy.
A situação se inverteu aos 37. O jogador do Barcelona deu assistência de cabeça para Cavani acertar lindo chute de primeira. O goleiro egípcio saltou para fazer bela defesa. Impondo pressão nos minutos finais, o Uruguai ainda teve chance de marcar em cobrança de falta de Cavani, que carimbou a trave. E, no rebote, quatro uruguaios “bateram” cabeça e desperdiçaram nova chance.
Quando o empate parecia decretado, uma cobrança de escanteio na área definiu a partida. Aos 44 minutos, o zagueiro Gímenez subiu mais que três marcadores e cabeceou para as redes para festa e alívio da torcida uruguaia.
O Egito volta a campo no dia 19, terça que vem, para enfrentar a anfitriã Rússia em São Petersburgo. Os uruguaios vão duelar com a Arábia Saudita no dia seguinte em Rostov-on-Don.
FICHA TÉCNICA:
EGITO 0 x 1 URUGUAI
EGITO – Mohamed El Shennawy; Ahmed Fathi, Ali Gabr, Ahmed Hegazy, Mohamed Abdel-Shafi; Mohamed Elneny, Tarek Hamed (Sam Morsy), Amr Warda (Ramadan Sobhi), Abdallah El Said, Trezeguet; Marwan Mohsen (Mahmoud Kahraba). Técnico: Héctor Cúper.
URUGUAI – Fernando Muslera; Guillermo Varela, Jose Maria Gímenez, Diego Godín, Martín Cáceres; Matias Vecino (Torreira), Rodrigo Bentancur, Nahitan Nandez (Carlos Sánchez), Giorgian De Arrascaeta (Cristian Rodríguez); Luis Suárez e Edinson Cavani. Técnico: Oscar Tabárez.
GOL – Gímenez, aos 44 minutos do segundo tempo.
CARTÃO AMARELO – Ahmed Hegazy.
ÁRBITRO – Bjorn Kuipers (Holanda).
RENDA – Não disponível.
PÚBLICO – 27.015 pagantes.
LOCAL – Arena Ecaterimburgo, em Ecaterimburgo (Rússia).