A única central elétrica de Gaza ficou sem combustível e foi desligada nesta quarta-feira, 11. Com isso, restaram apenas alguns geradores para abastecer o território de 2 milhões de pessoas. No entanto, eles também dependem de petróleo, que não chega mais ao enclave palestino em razão do bloqueio total imposto por Israel. Com isso, todos devem parar de funcionar nas próximas horas e deixar a região completamente sem eletricidade.
As condições se deterioraram tão rapidamente que a ONU descreveu a situação como "crise humanitária". Sem luz, os hospitais lotados não poderão mais atender os feridos, os refrigeradores não manterão mais comida e praticamente todos os serviços básicos serão interrompidos.
Moradores disseram que os bombardeios miraram estruturas normalmente consideradas relativamente seguras, como escolas, hospitais e mesquitas. A estimativa local é de que 1,1 mil palestinos morreram.
<b>Destruição</b>
Mohamed Mazen e seus vizinhos permaneceram na porta de seu prédio durante toda a noite para tentar evitar o bombardeio israelense. Ao partirem pela manhã, descobriram a magnitude do desastre: o bairro estava em ruínas e as ruas desertas. O pai de três filhos, de 38 anos, não conseguia acreditar no que via. "Minha mulher e eu dissemos a nós mesmos: Tudo isso é real? Sentimo-nos como se estivéssemos em uma cidade fantasma e como se fôssemos as únicas pessoas ainda vivas."
Mais adiante, em frente ao hospital de Al-Shifa, o maior da região, moradores soluçavam ao deixar seus parentes no necrotério ou algum ferido que logo depois foi anunciado como morto.
"Sinto que a morte está perto de mim, se não me alcançar, vai alcançar pessoas importantes para mim", declarou May Youssef, de 34 anos, mãe de dois filhos. "Eu já não sou um ser humano. Já não sirvo para nada. Não posso tranquilizar meus filhos, minha filha pequena teve febre por causa de medo e nos custou encontrar uma farmácia para comprar remédios."
O governo do enclave controlado pelo Hamas tentou tranquilizar a população, repetindo em comunicado que dispõe de "oito meses de abastecimento de bens de primeira necessidade e três meses de farinha". (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>